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Sessão de 16 de Dezembro de 1918 9

presente coadjuvou a sua obra do saneamento nacional.

Era um grande português. (Apoiados). Tinha gravado no seu ânimo o amor pelo seu país e desejava que todos se unissem em volta da bandeira da Pátria. Apoiados). Nunca nos pesou ter faltado à confiança que elo depositou em nós, porque acima de tudo e de todas as contingências políticas é o amor do país que nos une. (Apoiados).

Não sei, Sr. Presidente, ninguêm o pode saber, qual o Govêrno que só constituirá amanha, mas é preciso que o Govêrno que se vier a formar represente uma fôrça, a ordem e a dignidade perante o estrangeiro, que não pode continuar a ver o pais como até aqui o tem visto, em que crises políticas se resolvem a tiro.

Estamos representados numa conferência em que os destinos do mundo se vão jogar.

Apresenta-se perante o país uma crise de ordem internacional de excepcional melindre. Foi essa ocasião que os inimigos da pátria escolheram para assassinar vil e cobardemente o homem que encarnava a alma portuguesa. É preciso que o Govêrno que se seguir a êste se inspire nos altos sentimentos que guiavam a obra do Dr. Sidónio Pais, para que a nossa situação não seja vergonhosa, mas que corresponda aos oito séculos duma gloriosa nacionalidade que sempre se tem sabido manter.

Neste momento, depois dêste novo crime praticado, é preciso que todos esqueçam as dissenções políticas e se inspirem no grandioso e elevado amor da Pátria, para que mio há prémio vil. É êsse o meu voto, é êsse o meu desejo e seria êsse o meu podido se soubesse de antemão qual o Govêrno que se constituirá para dirigir os destinos da nação.

Se alguém nesta Câmara tiver a investidura de primeiro magistrado do país, êsse homem que se lembre que recebe uma herança e que, portanto, é necessário não fugir a ela. Quanto aos republicanos presentes, que se lembrem primeiro do que tudo que hoje são portugueses.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.

O orador foi, muito cumprimentado.

O Sr. Pinheiro Torres: - Sr. Presidente: nunca como hoje me pesou tanto que a minha descolorida palavra não possa exprimir o muito sentimento que se agita a dentro do mim.

Nesta hora, uma das mais solenes e mais dolorosas da minha vida pública, a reprovação pelo crime que mais uma vez encheu de sangue a nossa história, o pesar profundíssimo pela morte do grande português, perante cuja memória mo curvo, as apreensões e as dúvidas pelo futuro desta terra que êle tanto amou! Tudo isso sinto dentro de mim ao dizer a V. Exa. e ao país o meu veemente protesto contra o crime que enlutou a nação portuguesa. Com efeito, Sr. Presidente, eu não creio que haja nenhum português digno dêste nome que não sinta pelo esforço de Sidónio Pais, pela sua obra verdadeiramente nacional, desde todos aqueles que puderam conhecer e apreciar de perto as suas qualidades, até o povo, que amava a sua bravura, a sua gentileza e a sua inexcedível bondado, todos sentem que êle faz falta, uma falta cuja grandeza ainda não podemos por agora avaliar.

Sente-se, Sr. Presidente, a certeza de que êsse homem era necessário ao país, cuja aspiração êle soube encarnar e exprimir gloriosamente na jornada de 5 de Dezembro e cuja vontade êle simbolizava, cercado duma plêiade de, homens que o amavam até o fanatismo. E o seu espírito que anima, que alenta os homens que têm de continuar a sua obra, toda cheia de dedicação o de amor pelo futuro e pelo ressurgimento da sua pátria.

Sr. Presidente: Que grande sonho, que enorme concepção tinha Sidónio Pais dum Portugal grande, tamanho que nem parece dêstes tempos!

As suas últimas palavras, que já aqui foram lembradas - Salvem a Pátria! - dirigem-se a todos nós. E um apelo que não devemos esquecer. É como que o testamento dessa grande figura. As palavras dêsse português tamanho têm de ser por nós amadas, tem do ser por nós seguidas.

Sim! A maior homenagem que podemos prestar a êsse homem é afirmar que todo o nosso esforço, toda a nossa inteligência serão empregadas em honrar a sua memória.

No altar sagrado da Pátria juremos