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Sessão de 10 de Fevereiro de 1919 5

vencido, e, de mais a mais, indo ferido e no meio duma escolta.

Esqueceu-se o tresloucado que a morte do ex capitão Camacho seria a repercursão de idênticos actos praticados no norte contra os nossos correligionários. Não se lembrou, Sr. Presidente, o assassino que nós, os republicanos, não podemos proceder contra os nossos adversários como os trauliteiros do Pôrto.

Não é com actos desta natureza que se consolida o regime.

O comércio, a indústria, a agricultura, emfim, Sr. Presidente, as fôrças vivas da nação, pedem repouso, querem trabalhar.

Não é com revoluções periódicas, já hoje intervaladas com atentados, que se pode fazer a tam apregoada conciliação da família portuguesa.

Há perto de dois meses, Sr. Presidente, um outro atentado se praticou contra o jamais esquecido Presidente Sidónio Pais.

E possível, Sr. Presidente, que outros atentados estejam em perspectiva.

Eu sei, Sr. Presidente, que o Govêrno não pode ser totalmente responsável por actos praticados isoladamente.

Eu sei, Sr. Presidente, que o Govêrno não tem culpa, que haja comerciantes cobardes, que temendo, não as iras populares, pois que o povo de Lisboa, sempre republicano e bom, sabe bem quanto deve à memória do saudoso Presidente, mas de meia dúzia de indisciplinados, retirassem das suas montras os retratos do grande morto.

Eu sei, Sr. Presidente, que o Govêrno não tem culpa que há dias, num eléctrico, duas senhoras, mulheres de republicanos, fossem insultadas com o epíteto de canastras e muitos outros que o decoro que eu devo à Câmara me impede de proferir neste momento.

Mas, Sr. Presidente, todos êstes factos demonstram evidentemente a anarquia que vai lavrando na sociedade portuguesa.

É necessário que os editais que vemos colocados nas esquinas, garantindo a propriedade e a vida dos cidadãos, não constituam letra morta.

Todos os dias apregoamos a união entre os republicanos e todos os dias embalados pelas paixões políticas alimentamos a fogueira monárquica.

Unamo-nos radicais e conservadores dentro da República, nada de exageros políticos.

Olhemos para essa marinha de guerra portuguesa e vejamos o nobre exemplo de civismo que nos deu no assalto de Monsanto; os vencidos foram defendidos e estão sendo actualmente bem tratados.

Foi, Sr. Presidente, o jacobinismo político que criou o perigo monárquico.

Foi, Sr. Presidente, a intolerância que nos trouxe a questão religiosa.

Não deitemos abaixo, Sr. Presidente, governos acusando-os de fracos ou faltos de republicanismo, unicamente por não simpatizarmos com os indivíduos que os. compõem.

A queda do Govêrno Tamagnini Barbosa, após a solução dos movimentos de Santarém e Lisboa, foi um dos maiores erros políticos que se tem praticado nos últimos tempos.

Com esta doutrina corroboraram muitos elementos dos partidos republicanos históricos.

Acusava-se o Govêrno de fraco e dizia-se que o movimento do norte era insignificante.

Se assim era qual a razão porque o Govêrno há perto de três semanas se limita a apregoar que está concentrando tropas, sem contudo nos ter mostrado uma vitória decisiva para a República?

Como se explica. Sr. Presidente, que o Govêrno ainda não tenha enviado para Madrid um representante da República, quando os couceiristas nessa cidade têm Luís de Magalhães fazendo a propaganda monárquica?

Eis o que é preciso que se diga ao país e eu, Sr. Presidente, alguma autoridade tenho para o fazer, pois que republicano desde os bancos da Universidade, nunca andei a saltar de partido para partido,, conforme as conveniências individuais.

Para ser considerado republicano, Sr. Presidente, não é preciso andar a apregoar as nossas convicções políticas pelos cafés ou nos comícios.

Para ser republicano, Sr. Presidente, não é preciso insultar indivíduos que nos arrancaram do cárcere e nos emprestaram temporariamente o seu prestígio político, com o intuito de satisfazer as nossas ilimitadas ambições.

Para ser republicano, Sr. Presidente, não é preciso compararmos a sessão da