O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

8 Diário da Câmara dos Deputados

Morgue numa carroça aberta e amarrado com cordas, como se fôsse um objecto indigno de cuidados e respeito.

Nunca êsse execrando Teles Jordão, como muito bem diz a pessoa que escreveu o artigo da Capital, se lembrou de praticar factos desta natureza.

Creio que não foram republicanos os carrascos dos presos políticos. Estou absolutamente certo de que não foram republicanos que assim tentaram lançar sôbre a justiça portuguesa uma nódoa que nunca mais só apagaria. E por assim ser, tenho a honra de mandar para a Mesa uma proposta que se destina a apurar responsabilidades que são tremendas. E que não quero que crimes que não foram, praticados por republicanos a republicanos continuem a ser assacados.

Vozes: - Muito bem.

O Orador: - Se foram republicanos que maltrataram, que torturaram os presos políticos, pela minha parte não quero nenhuma solidariedade com semelhante gente. Só foram, monárquicos, basta essa condição para nós não querermos absolutamente nada com êles.

Trata-se duma grande obra que se deve restaurar desde já e que é absolutamente urgente. Mi uma obra de purificação, é uma obra de justiça, é uma obra de castigo para quem semelhantes crueldades teve a coragem de levar a efeito.

Espero, por isso, que a Câmara aprovará a minha proposta, para a qual peço urgência e dispensa do Regimento, a fim de entrar imediatamente em discussão e ter o destino que a Câmara entender dever dar-lhe.

O Sr. Presidente: - Não há número suficiente para deliberar.

O Sr. Amâncio de Alpoim: - Requeiro a generalização do debate. Se não há número suficiente para votar a proposta, há, contudo, número para a discutirmos.

O Sr. Fidelino de Figueiredo: - Para evitar que a Câmara deixe passar em claro o desaparecimento de dois portugueses ilustres, tenho a honra de mandar para a Mesa uma proposta para que se lance na acta um voto de sentimento pela morte do poeta João Penha e do professor Adolfo Coelho.

Trata-se de dois nomes ilustres bem conhecidos de todos nós.

João Penha foi um dos pioneiros e o poeta estandarte do movimento a que se chamou, em Portugal, de investimento contra o romantismo.

Adolfo Coelho foi também um dos pioneiros e o porta-estandarte do que se chamou germanismo e que era a defesa do novo espírito filológico. Creio que a Câmara aprovará a minha proposta e que da sua homenagem se dará conhecimento às famílias enlutadas.

Aproveito estar no uso da palavra para pedir ao Govêrno, aqui representado, que me dê algumas informações a respeito do assassino do Dr. Sidónio Pais e também daquele criminoso que não chegou a assassinar porque a pistola se encravou.

Foi assassinado um Chefe de Estado e o país ainda não viu condenar o assassino!

Peço ao Govêrno que dê explicações acerca do estado actual do respectivo processo e que nos diga se é verdade, como veio a público, que êsse homem vai ser pôsto em liberdade.

Desejo também preguntar quais são os sentimentos e propósitos do Govêrno a respeito da família de Sidónio Pais, que morreu pela pátria, deixando os seus sem meios de fortuna.

Por isso o Poder Executivo deve aplicar a lei das pensões de sangue para atenuar as más circunstâncias da família de quem foi o Chefe supremo do Estado e morreu pela pátria, em serviço que se pode considerar de campanha.

Murmúrios nas galerias.

O Orador: - Protesto perante V. Exa. contra a intervenção das galerias nos debates.

V. Exa. não pode consentir que os representantes do país sejam desacatados dentro desta casa. As manifestações das galerias são absolutamente inadmissíveis.

Mando para a Mesa a minha proposta, que é a seguinte:

Proposta

Proponho que na acta se lance um voto de sentimento profundo péla morte do poeta João Penha e do professor Adolfo