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Sessão de 10 de Fevereiro de 1919 11

importemos saber se êsse Ministro pertencia ao sidonismo ou a qualquer outro partido. Isso compreende-se, isso admite-se.

Mas vir, nesta hora, para aqui com a alma a tresandar ódios, reviver questiúnculas mesquinhas, que vão até o ponto de se fantasiar que o Govêrno teria dado fuga ao assassino do Sr. Dr. Sidónio Pais, é que se não pode tolerar, sem que se erga o nosso protesto indignado.

Creiam V. Exas. que aqueles que despertarem nesta hora ódios adormecidos serão as primeiras vítimas dêsses ódios.

Sr. Presidente: a hora é de concórdia, é a hora da paz entre republicanos. No Poder estão representadas todas as correntes de opinião, desde o sidonismo até o democratismo.

Paremos com isto, acabemos com o espectáculo a que nesta hora assume quási proporções de tragédia. Porque não sei se repararam no que há de chocante neste espectáculo para à consciência republicana parece que nas nossas almas se a morte de Jorge Camacho inspira horror.

Não queiramos toda a nossa piedade voltada para os nossos inimigos de morte. Queremo-los vivos para sofrerem as - consequências das suas culpas, mas não percamos uma eternidade a chorá-los doloridamente.

Sr. Presidente: é que eu queria também ouvir vozes de piedade para com os nossos correligionários que são torturados pelos monárquicos. (Apoiados).

Para êsses não há piedade; dêsses ninguém se lembrou, dos que são fuzilados em Vila Rial o daqueles a que se arrancam as unhas no Pôrto. Ora os seus republicanos é que são absolutamente dignos da nossa piedade.

Ainda mais, Sr. Presidente. Tenho comiseração das vítimas que o ódio político causou no campo adversário, praticadas pelos nossos correligionários; mas valem menos para mim com Camachos do que um simples Norberto Guimarães.

O Sr. Miranda e Sousa (interrompendo): - V. Exa. há pouco, através das minhas palavras, deveria ter-me ouvido dizer que o facto do assassinato de Jorge Camacho ia reflectir-se no Porto.

O Orador: - Eu entendo os factos duma maneira absolutamente contrária à de V. Exa. Eu acho que os factos do Pôrto é que se reflectiram no assassinato do Sr. Jorge Camacho.

Os monárquicos não começaram a matar republicanos só depois da morte do referido ex-oficial.

Sr. Presidente: ia eu dizendo que não vale a pena fomentar paixões, porque a hora é de paz.

Ataque-se o Govêrno como eu, porventura, amanhã o atacarei.

Mais com uma condição: o de se não atacar o Govêrno em proveito dos monárquicos.

Serenamente o digo, porque êsse é o ponto importante; Talvez que a acção do Govêrno pudesse ser melhor conduzida: aconselhemos o Govêrno, sem prestar um serviço a Paiva Couceiro.

Lembremo-nes disto: mais uma vez o aconselho.

Tenho dito.

O Sr. Luís Nunes da Ponte: - Sr. Presidente: por motivos ponderosos que entendo representarem o cumprimento dos meus deveres não pude mais cedo comparecer nesta Câmara.

Começo por saudar a V. Exa. a quem rendo a homenagem de toda a minha consideração.

Pedi a palavra para erguer o mais enérgico e veemente protesto contra um crime monstruoso que não pode ter deixado de merecer a reprovação e enchido de angústia e de dor todas as pessoas de bem, sejam quais forem as suas condições políticas ou inclinações partidárias.

Refiro-me ao assassínio praticado na pessoa do ex-capitão Jorge Camacho, e faço-o tanto mais indignadamente quanto é certo que Jorge Camacho, muito embora monárquico convicto, não deixou de ser antes dá implantação da República um distinto oficial do exército.

Várias vezes foi a África estragar a saúde e arriscar a sua vida em defesa da Pátria!

Na Guiné o vi eu, combatendo a meu lado, cheio de serenidade e do mais admirável sangue frio, brandindo com denodo e valentia1 a sua espada heróica, conduzir os soldados à vitória.

Desde que alguém seja preso fica imediatamente entregue às autoridades para