O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 10 de Fevereiro de 1919 15

Êsses, desprezíveis verdugos constituem agora uma espécie de policia, e de guarda de... desonra, executora das mais baixas perseguições e vinganças.

Tem existência oficial na palhaçada couceirista.

Praticam atrocidades medievais que arrepiam de pavor; escorcham às chicotadas, fuzilam, quem desobedeça a uma ordem, quem se afirme republicano...

Mas os farçantes da monarquia portuense pagam-lhe por êstes serviços os tais quinze, tostões diários, e o Rial Grupo dos Trauliteiros Portuenses, assim estipendiado, cresce em número, recrudesce em ferocidade, sequioso de sangue e de... ordenado.

Os monárquicos lá no Pôrto assassinam por quinze tostões, ou pagam quinze tostões aos assassinos.

E êste o preço que por lá se dá e recebe para envergonhar e ensanguentar uma causa

Comparem, meus senhores, o crime agora praticado em Lisboa, com os que se realizaram e realizam; no Porta...

E, para cúmulo, vem hoje à Câmara o depoimento dum preso sobre os vexames, e torturas que alguns falsos republicanos lhe infligiram na malfadada Torre de S. Julião da Barra.

E a descrição; dum cativeiro que nos sugere a lembrança das torturas orientais infligidas por povos de civilização rudimentar aos prisioneiros.

Parece que resuscitou o espírito, de Teles Jordão, e andou a rondar pelos, corredores da Torre, envenenando de rancores a alma dos carcereiros de 1918, embrutecendo de torvo fanatismo, a sua inteligência.

Não merecem perdão, não podem tê-lo, se os factos relatados se apresentarem como verdadeiros, êsses homens de S. Julião da Barra que se disseram republicanos para enxovalhar a República, em cuja bandeira, repito, se envolveram apenas para a transformar em farrapos!

Arranque-se a máscara a êsses homens.

Êles não são republicanos; que, se o fossem, não saberiam torturar o irmão, do mesmo ideal!...

E para arrancá-la votemos a proposta do nosso colega Sr. Adelino. Mendes.

Por mim e pelos meus companheiros dêste lado da Câmana lhe declaro apoio e voto.

Porque se esquece tudo tam depressa, e tam depressa, se passa, daí indignação à piedade nesta mal-avenjturada terra de Portugal?

É, Sr. Presidente, porque a proverbial brandura dos nossos costumes consente, e fomenta até, a ferocidade impiedosa daqueles que aos perseguem.

Consentimos, por exemplo, que se faça em Lisboa uma atrevidíssima e perigosa propaganda monárquica, emquanto os realistas do Pôrto chacinam republicanos.

Diz-se que foram suspensos todos os jornais realistas - medida cuja oportunidade e justiça ninguêm se atrevera a contestar - mas tal afirmação não é verdadeira.

Circula por aí um jornal monárquico, disfarçado de católico, e a República, meus senhores, consente que êle se publique.

Os disfarces são de uso constante na palhaçada couceirista.

No Pôrto um monárquico disfarça-se de vigário-capitular para sagrar Paiva Couceiro, regente de Portugal; em Braga, outro monárquico disfarça-se de bispo para confirmar a mesma comédia.

Em Lisboa há um órgão da imprensa que, à laia de loup, traz no seu cabeçalho a designação de católico, mas que é monárquico pelos seus redactores - como êle próprio confessa - e pela sua orientação política que toda a gente vê e compreende.

Eu não faço insinuações, Sr. Presidente, o jornal a que me refiro, denomina-se A Ordem.

Chamo sôbre êle a atenção de S. Exa. o Sr. Ministro do Interior, pedindo-lhe que procurei convencer os redactores- dês-se jornal da diferença que existe entre ideais monárquicos e católicos.

Não é política católica o ataque insidioso e constante à República, que se defende, e está ameaçada de morte não é política católica a apologia ou escusa, mais ou menos transparente dos conspiradores realistas.

Esta confusão da cruz com o trono é a sequência lógica, da especulação que há muito tempo a monarquia vem fazendo no arraial do catolicismo.