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Sessão de 16 de Dezembro de 1919 5

se intensifica dia a dia, prejudicando-se inúmeras, transacções. Contudo, apesar das precárias condições dos nossos sistemas telegráfico e telefónico, a que se convencionou chamar redes, alguns serviços se prestaram à causa dos aliados. Infelizmente, não estávamos preparados, nem podiamos estar, para circunstâncias tam excepcionais; mas agora que as dificuldades subsistem e o tráfego, longe de diminuir, mais se avoluma o em proporções desmesuradas, necessário se torna dar-lhe vazão, procurando remédio eficaz e rápido, a fim de se satisfazer as instantes necessidades da indústria e do comércio, de contrário muito em breve teríamos de recusar uma grande parte dos despachos que afluem aos principais centros de serviço.

Todavia as obrigações internacionais contraídas por convenções e tratados e as que derivam de condições inerentes à nossa posição geográfica, impendem sôbre nós por tal forma que não podemos subtrair-nos ao dispêndio que elas exigem, sob pena de nos considerarem um tropêço.

De resto, todas as administrações se acham actualmente assoberbadas com um tráfego intensivo e algumas com falta de pessoal, trabalhando afincadamente na reparação e ampliação das suas redes telegráficas e telefónicas e ligação com as limítrofes, pois que nestes organismos quási se não admitem fronteiras, como se constata em quási todas as reclamações e, mais recentemente, na dirigida a todos os países pelos comerciantes do algodão.

Acresce que a renovação em quási todos os povos se está operando vertiginosamente, e, se a não acompanharmos, precário será o nosso futuro e incomportável o nosso sofrimento.

Depois, afora as vantagens que advirão para a nossa economia, facilitando-se as transações comerciais e industriais, internas e externas, e obtendo-se correlativamente, ainda que em estreitos limites, embaratecimento da vida, outras há a destacar, como sejam as que se referem à defesa do nosso património e ao aumento da capacidade tributária, por quanto os serviços dependentes da Administração Geral dos Correios o Telégrafos, como é óbvio, contribuem poderosamente para o aumento da riqueza pública. Instrumento de progresso tam delicado que até nas suas estatísticas se registam todas as convulsões, desde que afectem a nossa vida económica, merece ser considerado e tratado com inexcedível cuidado, pois que de um pequeno estacionamento no seu desenvolvimento redundará sempre grave prejuízo, por vezes irremediável, e que acarretará enorme dispêndio para se poder retomar a perdida velocidade.

A Comissão de Correios, Telégrafos e Indústrias Eléctricas estudou sob o ponto de vista técnico, com extremo cuidado e carinho, a proposta de lei que vimos analisando, de resto bem fundamentada, dando-lhe a sua inteira aprovação, por a ter julgado "uma das mais dignas de registo e interêsse, pois vem fomentar o desenvolvimento de serviços que tam benéficos são ao país...", acrescentando que "urge transformá-la em lei para efectivar êsses melhoramentos absolutamente inadiáveis e ainda evitar o aumento do preço dos materiais, conhecendo-se as constantes alterações do mercado".

Inadiáveis, é o termo, e não se podia ter escolhido outro mais próprio, mais justo. Por que assim é, e por se, tratar de despesas reprodutivas, em curto prazo, praticar-se ia um acto absolutamente criminoso se se não lhe dispensasse a atenção que requere, se pelo Congresso não fossem, concedidos os meios indispensáveis para se efectivar a única solução que o problema admite.

A importância do empréstimo preconizado, adicionada à das verbas inscritas no Orçamento ordinário da Administração Geral dos Correios e Telégrafos, e a que anualmente se retire da cota parte do lucro líquido da conta de gerência devem remover a maior parte das dificuldades que enumeramos, dando-nos, em um prazo relativamente curto, a certeza de que Portugal num importante ramo de administração pública, e que por igual interessa a nacionais e estrangeiros, se ajustará às conveniências, ocupando o lugar que lhe cabe de há muito.

Momentâneamente, é certo, pesará sôbre o Orçamento Geral do Estado um novo encargo, mas absolutamente comportável e, em breve, compensadíssimo, devendo acrescentar-se que dêle resultará grande número do benefícios para dife-