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Diário dá Câmara doe Deputado*

Português recebeu o seu nome com júbilo, e eu, pessoalmente, também me senti satisfeito, calculando que poria no desempenho da alta missão que lhe estava confiada todo o seu talento, toda a sua energia, toda a sua inteligência. A homenagem que lhe presto é sentida, e sai da minha boca franca e sinceramente. Mas uma cousa é a estima, respeito e consideração pessoal, e outra é a análise dos actos políticos cometidos pelo Sr. Barros Queiroz. É essa análise que vou fazer. Encarregado o Sr. Barros Queiroz de formar gabinete, encetou as suas démar-ches, tendo, segando dispõe, conseguido a adesão de alguns nomes para o seu governo, quando entrou no Ministro do Interior. S. Ex.a teve neste Ministério várias conferências com políticos em evidência e, num dado momento, chamou a uma conferência o Sr. general comandante da guarda nacional republicana.

Devo confessar que quando soube que o Sr. Barros Queiroz tinha convidado a uma conferência política o Sr. general Mendonça e Matos senti uma enorme alegria, imaginando que S. Ex.a o ia convidar para Ministro da Guerra. Conheço de há muno o Sr. general Mendonça e Matos, e a indicação do seu nome para a pasta da guerra acatava-a com verdadeiro prazer. Mais tarde, porém, tive conhecimento de que o motivo não tinha sido esse.. O Sr. Barros Queiroz quis consultar o Sr. general Mendonça e Matos sobre se a guarda nacional republicana estava, ou não, disposta a prestar incondicional apoio ao ministério da sua presidência.

Uma voz: — É extraordinário!

O Orador:—Por muito respeito que tenho pelo Sr. Barros Queiroz — e tenho-o, e o facto que estou narrando em nada absolutamente diminui a minha estima e consideração pessoal— devo dizer que considero o acto praticado por S. Ex.a um erro imperdoável (Muitos apoiados). O que é certo é que S. Ex.a o praticou — sobre isso não tenho dúvidas— na melhor das intenções, preocupado tam somente com qualquer cousa que eu ainda ignoro. .Quis o Sr. Barros Queiroz saber se a guarda republicana, representada pelo seu comandante, sim, ou não, dava

apoio incondicional ao governo que ele formasse.

O Sr. João Bacelar: — Não é isso í Queria talvez saber se a guarda republicana podia manter a ordem!

O Sr. Manuel Fragoso : r Talvez ? Ou ao certo ?

O Orador : — Parece-me que aquele Sr. Deputado está em erro. Mas peço ao Sr. António Granjo a fineza de, quande porventura diga qualquer cousa que não represente efectivamente a expressão da verdade, me interromper, para não estar bordando considerações sobre um assunto que suponho ser duma forma, quando é doutra.

O Sr. António Granjo: — Tenho ouvido com a maion atenção a exposição do Sr. Sá Cardoso. Há 'factos que certamente S. Ex.a não citou por não os conhecer, e

descrever à Câmara, com certo desenvolvimento, o que me é impossível fazer em aparte. Por consequência, pode o Sr. Sá Cardoso fazer toda a sua exposição, que eu farei depois a que julgar conveniente.

O Orador: — Muito bem. Continuarei. O Sr. Barros Queiroz teve a conferência com o Sr. general comandante da guarda republicana, a quem preguntaria se estava disposto a apoiar incondicionalmente um Governo da sua presidência. O Sr. general Mendonça e Matos, segundo as informações que tenho, respondeu — e vou fazer a diligência de reproduzir o que me contou o- Sr. general comandante da guarda republicana, visto que chamei S. Ex.a para ficar ao corrente do que se tinha passado — o seguinte :