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28 dts Janeiro de 1920

Quando regressava do palácio de Be lêm, o meu automóvel cruzou-se, nas ai turas da Junqueira, com aquele que trans portava o Br. António Granjo.

Declarou B. Ex.a que não tinha assia tido à invasão da Junta do Crédito Público, pelo facto de ter saído eui primeiro lugar.

Quando chorão i ao Ministério já a invasão da Junta do Crédito Público se, tinha dado, connervando-se lá um piquete da guarda republicana. Quere isto dizer que os factos se desenrolaram desde a saída do Sr. António Granjo da Junta e o tempo que o automóvel demorou da Junta ao Terreiro do Paço.

Fiquei seriamente surpreendido com o que tinha ouvido, visto que os factos foram inesperados. Conservava-se ainda, naquele momento, bastante gente no Terreiro do Paço, manifestantes e espectadores, e uma força de cavalaria da guarda. Tratei então de me pôr bom ao corrente de como os factos se passaram. Afirmaram-me que apenas se tinha dado uma tentativa de invasão.

Pelo relato que a polícia me entregou, verifiquei que o Sr- capitão Tavares, com alguns -polícias, evitara que a invasão à Junta do Crédito Público se tivesse dado por uma porta pequena, sendo provável que os díscolos tivessem, entrado, à formiga, pela porta principal.

Por informações que me forneceram sej que os manifestantes irromperam na sala da Junta do Crédito Público onde estavam os novos Ministros, tendo um daqueles empunhado uma pistola, intimaram os indigitados Ministros a não levarem por diante a constituição do Ministério liberal. Alguôm — não sei m o Sr. Fernandes Costa — veio à janela o declarou à turba que ia a Belém expor a situação ao Chefe do Estado.

A tempestade estava, por consequência, serenada e os Ministros demissionários aguardavam a chegada do novo Go-vOrno, pois jamais poderiam acreditar que não tomasse posse.

Um dos Ministros demissionários pediu ao Sr. Júlio Cruz que telefonasse para a Presidência da República pedindo ao novo Ministério que, logo que tomasse posse, viesse depressa ao Ministério do Interior para lhe ser conferida também a posse das Secretarias, Momentos depois soube

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que o Ministério do Sr. Fernandes Costa não estava constituído, tendo apresentado escusa ao Sr. Presidente da Eepública, e sendo encarregado o Gabinete demissionário de continuar à frente das pastas. Foi precisamente isso que se passou até a formação do seguinte Ministério.

& Ora por que foi que o Ministério da • presidência do S^. Fernandes Costa se não constituiu?

Disse o Sr. António Granjo que foi pelo facto do movimento que se tinha produzido ter atrás de si uma conjura e ter esse Ministério sentido que não dispunha da força pública precisa para sofo-car qualquer insurreição, tanto mais que, quando Presidente do Governo, declarara no Parlamento que a revolução que estava para explodir estava dominada de momento.

• Desejo acentuar que há um equívoco da parte do Sr. António Granjo, porque não fiz tal declaração quando chefe do Governo. Declarei exactamente o contrário: que as Câmaras e o País podiam estar sossegados, porque a revolução estava jugulada.

Que havia uma conjura — disse o Sr, António Granjo. Desconheço por completo que houvesse uma conjura. Houve, talvez, um movimento de opinião, justo ou injusto, não o discuto, contra a formação do Governo liberal. Mas se o Sr. António Granjo tem realmente elementos para supor que houve uma conjura, bom será que, por ocasião do inquérito a que se proceder, S. Ex.a aproveite a oportunidade para fazer as suas declarações, para que a verdade surja nua e crua.

Eis o que se me oferece dizer a respeito do cano da constituição do Gabinete do Sr. Fernandes Costa.