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cisas para ficarem de prevenção todas as forças da guarnição.

Soube, a seguir, que para as onze horas desse dia se projectava uma manifestação ao Sr. Presidente da [República, a firn de pedir a S. Ex.1

Cerca das onze horas fui informado de que essa manifestação tinha um carácter de imposição ao Chefe do Estado. Tratei por conseguinte, por meios suasórios, indirectos, de dissuadir as pessoas que estavam metidas na manifestação, tendo disso encarregado um oficial da polícia, o Sr. capitão Tavares.

Efectivamente, este oficial acercou-se dos manifestantes, e, segundo as instruções que lhe tinha dado, conseguiu demovê-los, e realmente a manifestação não se fez.

A opinião continuava, eomtudo, agitada, e foram-se formando grupos para levar então a efeito nina manifestação pelas ruas, dirigindo-se ao quartel da guarda republicana, no Carmo, e a alguns jornais. Essa manifestação realizou-se.

Quando o grupo voltou ao Terreiro do Paço, a manifestação compunha-se, aproximadamente, dumas 300 pessoas, levando desfraldadas duas bandeiras.

Parou em frente do Ministério do Interior, dando vivas ao Governo Nacional. Ao fim de bastante tempo, uma delegação de manifestantes subiu ao Ministério, Eram cerca de 15 horas e !£> minutos. Prepàrava-me para ir à Presidência da República com os meus colegas do Ministério demissionário apresentar as nossas despedidas ao Chefe do Estado. Fui então avisado de que a delegação dos manifestantes me desejava í alar. Recebi-a à pressa, de chapéu na mão. Pre-guntei aos indivíduos que compunham a delegação o que queriam:

Que vinham ali protestar contra a organização dum Ministério liberal; que não podia fazer-se tal; que se impunha a formação dum Ministério nacional; que estavam resolvidos a tudo para impedir que o Govôrno liberal fosse ao Poder.

Ouvi-os com toda a benevolência, fazendo-lhes depois um pequenodiscursopara Jhos mostrar a sem razão do seu neto.

Òiário da Câmara dos í)eputadoè

Alegaram eles que tinham sido meus companheiros no forte da Graça, em Eivas, e que para lá não queriam voltar; alguns, tirando o casaco, mostravam as as espáduas com sinais de ferimentos de tempos idos; outros garantiam que tinham sido presos três, quatro e cinco vezes, e não queriam voltar a esses dias.

Respondi-lhes, naturalmente, que só eles não tinham empenho em voltar para a prisão, também eu o não tinha, mas fiz-lhes ver que não era aquela a forma de protestar e que deixassem ao Parlamento o estudo da questão.

Se não estavam satisfeitos, era ao Parlamento que deviam ir apresentar o seu protesto. Disse-lhes mais: que do Minis-tério liberal faziam parte homens cuja fé republicana ora taua grande, cujos serviços à República eram tam alevantados que não havia o direito sequere de suspeitar que ôsses homens pudessem enveredar por um caminho que se parecesse com o de há um ano atrás.

Escutou-me a delegação dos manifestantes couu atenção, e, por íim, um deles preguntou-me:

— ó Que quere, afinal, o Sr. Sá Cardoso que se faca?

Retorqui-lhes:

— Muito simples: que os senhores vão para baixo e aconselhem todos os manifestantes a dispersar, aguardando os acontecimentos. ^Então os senhores imaginam que se alguma das cousas que temem estivesse para se dar, eu não estaria ao vosso lado? Estejam descansados. Se quiserem vão ao Parlamento. Mas dispersem. Demais, tenho pressa...

A deputação retirou-se e eu desci atrás deles. Os manifestantes dispersaram cm pequenos grupos.