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de 27 de Janeiro de 1920

ocasião de frisar, tanto na maneira como foi constituído, como na forma por que se apresentou.

Estamos cm presença de um Ministério recomposto: desapareceu o Ministro da Agricultura, Álvaro de Lacerda, e aparece o Sr. Joaquim Eibeiro.

É curioso, Sr. Presidente, que a tam curto intervalo, emquanto estávamos discutindo como se resolvera a crise, se tivesse dado esta recomposição, e, se trago este episódio à tela do debate, é unicamente para mostrar a ligeireza como no no nosso país se tratam estes assuntos, como se resolvem crises e se fazem Ministérios.

Se há para nós uma pasta importante, ela é a da Agricultura, A carestia da vida ó medonha, os assambarcamentos são em número sem limites, toda a gento vive numa situação verdadeiramente insuportável, e quando era precisa a acção forte e decisiva de um Ministro da Agricultura, assistimos a .este espectáculo: o Ministro ó nomeado, parece que não foi consultado, porque nem sequer chega a tomar posse; nomea-se outro Ministro, interino, procura-se ancíosamente ainda um outro, que se descobre lá para as bandas de Tomar e, por fim, é o Ministro nomeado.

Se havia pasta que deveria preocupar a atenção do Sr. Domingos Pereira, era a da Agricultara.

^Como podemos, pois, conceber que, sem ser consultado, o Sr. Álvaro de Lacerda surja na lista ministerial?

^ Isto é sintoma ou não é sintoma de ligeireza ?

Parece-me que sim e que, no fim de contas, tudo deriva das desgraçadas con-diçOes em que o Sr. Domingos Pereira sempre resolve assumir a chefia do Governo.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Domingos Pereira):—Resolve, não!

O Orador: — Depois de instado, mas resolve ...

O Sr. Domingos Pereira aparece sempre nas horas indecisas da República, cor-

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rendo a salvá-la. Um dia constou em Lisboa que, depois de uma jantarada no Coliseu, os soviets iam tomar conta do Governo. Chamou-se à pressa o Sr. Domingos Pereira e S. Ex.a, em menos de meia hora, organizou o Ministério, salvando a República.

.. O Sr. Presidente do Minstério e Ministro do Interior (Domingos Pereira): — Desta vez fui menos feliz.

O Orador:—Não há dúvida, porque da outra vez todos os Ministros aceitaram as suas pastas e desta até teve de fabricar um que, afinal, se recusou.

O Sr. Vasco de Vasconcelos: — Chegou até a licenceá-lo.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Domingos Pereira):—-Estive para interromper o Sr. Cunha Liai na altura em que se referiu ao preenchimento da pasta da Agricultura, sem ter consultado o Sr. Álvaro de Lacerda, mas não o fiz porque, como sempre, estava ouvindo S. Ex.a com muito agrado.

Quando tiver de responder ao discurso de S. Ex.a eu provarei, para o apaziguar, que os assuntos do Estado não foram tratados com a ligeireza a que S. Ex.a se referiu, e que não será capaz de demonstrar, porque não houve da minha parte a mais pequena ligeireza quando tive ante -mim os superiores interesses do País.

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O Orador: — Tendo ouvido com a aten-tao que sempre me mereceu as palavras do Sr. Presidente do Ministério, devo dizer que, no emtanto, elas me não podem convencer.

Por mais razões que S. Ex.a apre&ente, eu devo observar que, em público-, os factos são o que parecem e não o que realmente são, sendo conveniente que os Governos nunca deixem a respeito dos seus a mais pequena impressão de ligeireza'.