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Diário da Câmara dos Deputados

de elementos suficientes para poder essa medida? resultar em benefício do povo, por não poder competir com o comércio dos abastecimentos.

Não sou contra essa medida; mas desejaria que S. Ex.a nos dissesse concreta-mente o que vai fazer.

£ Quais os elementos com que vai contar? Vamos para o desconhecido. Vamos revoltar o comércio contra a República.

Mas, essas medidas de violência foram também empregadas por Sidónio Pais. Vejam V. Ex.as o que sucedeu; foi tudo para inglês ver. Uma mistificação!

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. João Luís Ricardo : — O Sr. Ministro tem medidas dadas por lei, que não tornam preciso vir ao Parlamento pedir-lhe que facilite a realização de medidas que pretende lhe aprovemos imediatamente.

Toda a Câmara sabe que o momentoso problema das subsistências só pode ser resolvido eficazmente com o aumento da produção e drenando as .mercadorias que existem acumuladas pelas diferentes estações do país, para os mercados.

A prova mais frisante de que o Sr. Ministro da Agricultura fez muito bem em trazer esta proposta ao Parlamento está na forma como se interpretou o decreto da liberdade do comércio.

Esse decreto foi publicado quando iam iniciar-se as colheitas desse ano, e o que vimos ? uma alta colossal em todos os géneros.

Não houve um único agricultor do Alentejo que pensasse em vender o azeite a mais de 6$. As ofertas começaram, porém, a aparecer num crescente vertiginoso, em tais proporções que se torna absolutamente indispensável a aprovação desta proposta senão já para fazer baixar os preços, pelo menos para evitar que eles continuem subindo.

Interrupção do Sr. Nunes Loureiro que não se ouviu.

O Orador: — O Sr. Nunes Loureiro acaba de confirmar as minhas palavras, afirmando que, ao estar pendente sobre a minha cabeça a espada de Damocles, e conhecido o meu propósito de terminar com. a liberdade de comércio, imediata-

mente se suspenderam todas as transacções sobre azeites.

O Sr. Nunes Loureiro: — E logo que se • deu a queda do Sr. Sá Cardoso, recomeçou a especulação.

O Orador: — A única objecção que a Câmara podia fazer era a de vir tarde de mais a presentç medida, pois que 'hoje, para o Sr. Ministro da Agricultura agir convenientemente, já terá de exercer violências.

Depois se verificarmos quem são hoje os detentores desse produto, teremos ocasião do ver que são exactamente os mesmos que ganharam contos de réis com a guerra.

O Sr. Mem Verdial: — Dou também o ineu voto ao projecto, mas entendo que S. Ex.a deve tomar mais" algumas medidas; isto só não basta; assim andamos ora dando a liberdade de comércio, ora

O melhor seria decretar seis meses para liberdade de comércio e outros seis meses para tabelas. Quando o comércio está abastecido dão-lhe liberdade de comércio, quando o comércio não está abastecido dão-lhe tabelas. Era um regime mais prático.

Nós temos trigo e milho com abundância nas nossas colónias ; há lá grande quantidade de géneros alimentícios que estão a apodrecer.

O Sr. Velhinho Correia : — É só no interior.

O Orador: — No interior e nos cais.

Os vapores vão lá e só carregam o que lhes convêm. S. Ex.a precisa também uma lei para os transportes marítimos, uma lei que se conjugue com esta. jii preciso que o Sr. Ministro tenha uma lei que ordene aos vapores fazerem o carregamento que o Ministro lhes indicar; não pode continuar este abuso dos vapores dizerem que não têm praça, que. têm de carregar ferro ou cacau, etc.

É preciso que lhes diga que carreguem trigo e eles tenham de o fazer, e não acontecer o que se passa com a Companhia Nacional, que faz o que quere.