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Seta&o de 29 de Janeiro de 1920

há-de lutar sempre com as peias das companhias de navegação, dês transportes oficiais, etc.

O Sr. Cunha Liai:—V. Ex.a dá-me licença? O Governo tem autorização para isso, mas o que não quere é usar dela, porque a lei dos transportes marítimos diz que o Governo superintende em toda a navegação, quer particular, quer oficial, de maneira que qualquer ordem do Governo para a Companhia Nacional tem de ser cumprida.

O Orador: — Mas é que não cumpre.

O Sr. Cunha Liai:—:Não cumprem, o Governo que meta na cadeia um dos seus directores e veremos.

O Orador:—Para terminar, Sr. Presidente, devo dizer que dou o meu aplauso à proposta de S. Ex.a o Sr. Ministro da Agricultura, certo de que, passados seis meses, se ainda aqui estiver, darei o meu aplauso à proposta da liberdade de comércio. *

Tenho dito.

O orador não reviu.

O projecto foi aprovado na generalidade.

O Sr. Ministro da Agricultura (Joaquim Ribeiro): — Pedi a palavra para responder a algumas objecções dos Sr s. Deputados que discutiram o projecto.

Eu, naturalmente, não pretendo com este projecto resolver os mais altos problemas; na devida altura apresentarei aqui, se tiver tempo, as medidas que julgar necessárias, não só sob o ponto de vista dos abastecimentos, como também sob o ponto de vista do desenvolvimento agrícola.

Portanto julgo não ser este o momento de expor perante V. Ex.as o meu programa de Ministro, e que fico, com esta resposta, quite às proguntas que me fez o Sr. Malheiro Reiruão.

O Sr. Alves dos Santos fez um discur só eloquente sobre a minha proposta; S. Ex.i>l, de mais a mais, tem a prática de ter dirigido n m município do País, aquele que mais fama grangeou pela sua alta e sábia administração.

Eu tenho a dizer que, apesar desse facto, S. Ex.a não dispunha dos recursos

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que eu tenho, nem tinha o poder que eu tenho emquanto estiver aqui nestas cadeiras.

Portanto, descanse S. Ex.a, há produtos em Portugal que chegam para o seu consumo, e S. Ex.a compreende que não se pode ir exigir ao comerciante que ganhe o mesmo que ganhava há cinco anos,-porque as necessidades da vida são outras.

,; Poder-se há permitir que o comerciante, por um espírito ganancioso, guarde os seus géneros até o ultimo 'momento, complicando assim a vida nacional?

Eu, quando apresentei esta proposta, disse logo quais eram as suas consequências ; se assim se não fizer S. Ex.a terá, dentro em breve, greves, porque os salários que hoje poderão ser considerados demasiados, amanhã tornar-se hão exíguos.

Se V. Ex.a me dissesse que há mais tempo deveriam ter-se feito medidas preventivas que evitassem as medidas violentas, eu estaria absolutamente de acordo. Tenho, neste lugar, a grave responsabilidade do momento. Falta-me certamente a competência que seria necessária para desempenhar este /cargo numa crise tam temerosa como a que atravessamos. (Não apoiados}.

Tenho a certeza de que posso contar com o auxílio absoluto dos meus colegas do Ministério; mas nunca em Portugal resolveremos uma crise absoluta de qualquer género.

Estou aqui animado da melhor vontade de acertar, e no dia em que não puder fazê-lo ir-me-ei embora.

Não venho aqui ferir ninguém, nem o comércio, nem a agricultura.

Não tenho outro modo de vida nem outros interesses senão aqueles que o meu esforço produz na agricultura.

O lavrador de ontem é o Ministro da Agricultura de hoje, e é por isso que procuro desempenhar-rne do meu cargo o melhor que posso, sem ferir os interesses de ninguém. (Apoiados).

O azeite podia estar por metade do custo, com bastante lucro para todos, se há mais tempo se tivessem posto em prática as medidas indispensáveis. (Apoiados).