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t>iàrio da Câmara doa Deputadoê

Os ecos da scena de ontem revoltaram a opinião, e isto tem de sers acentuado com palavras de desagrado e descontentamento, porque realmente não é muito, edificante a forma como aqui se encarou essa questão.

- Confrontando as palavras do Sr. Cunha Liai com as palavras do Sr. Júlio Martins e do Sr. Plínio da Silva, surpreende--se uni sintoma que parece dos mais tristes e desconsoladores no momento que atravessamos.

O Sr. Cunha Liai entende que o Governo teve medo da ameaça dos ferroviários.

Não sei se teve medo, ou se não teve medo.

Estou convencido de que os ferroviários não fizeram ameaça alguma ao Governo.

Ó Sr. Ministro do Comércio (Jorge Nunes) : — Justamente. Não houve 'ameaça.

O Orador: — G que me parece é que o Governo teve a previsão das perturbações que, porventura, se poderiam vir a dar com uma classe numerosa e prestimosa que podia ver-se obrigada a lauyar o paí» em trepidação.

O Sr. António Maria da Silva: — Trepidação? . .

O Orador: — Isto é um pouco diferente de se empregar a ameaça.

E posso dizer isto na minha qualidade de socialista de sempre, cheio da experiência que me dão os anos e repleto de ardor que me vem das profundas convicções.

A ameaça que deprime e humilha o ameaçado é cousa bem diversa da sugestão de reivindicações que, sendo atendidas- no limite do possível, só nobilitam os que as atendem.

O Sr. Plínio da Silva disse que não cederia às pressões dos ferroviários.

Esta mesma idea foi reproduzida pelo Sr. Júlio Martins.

S. Ex.a não ó vassalo dos ferroviários disse com ênfase. Só o é da Pátria e da Kepública.

O Sr. Plínio da Silva: — Protesto contra as palavras que V. Ex.a pronunciou

e se referem ao que me atribuiu. Não disse o que V. Ex.a me atribui.

^ Onde estuo escritas tais palavras ?

Agitação.

° O Orador : — É um extracto do seu dis-jcurso. Tirei-o ontem mesmo à hora que V. Ex.a o pronunciou. Deve constar dos extractos taquigráficos. ,

O Sr. Plínio da Silva: — Não disse o que o Sr. Ladislam Batalha me está atribuindo.

O Sr. Júlio Martins: — É uma espeeu-laç/io política o que S. Ex.a está fazendo. O Sr. Ladislau Batalha está-iue também atribuindo palavras que eu não disse.

Sussurro.

O Orador: — Tomei as notas d'apres nature. V. Ex.a discursava e eu escrevia.

KepròMuziu-se, pois, ontem, uma insinuação perante as reclamações do proletariado, tal qual ecsic c Sr. Brito Camacho que . já mais duma vez o tem feito, dizetído não poder ceder às imposições do proletariado.

O Sr. Brito Camacho: — Eu?!

O Orador: — Ainda não há muito, quando se podia que se pagassem 5:000 contos à Câmara Municipal de Lisboa para várias aplicações, entre elas o aumento ao pessoal camarário.

Acho curioso que no momento que atravessamos, quando a Inglaterra atende as imposições do proletariado, quando na Alemanha o socialismo • está vitorioso, Aquando a Kússia proclama exactamente a verdadeira independência do proletariado estrangeiro, ainda em Portugal se regateiem os respeitos e atenções devidas aos que trabalham.

O Sr. Afonso de Macedo : — Na Èússia cria-se a chamada burguesia socialista.

' O Orador: • Tais notícias só nos chegam aos ouvidos coadas através dos telégrafos em poder da burguesia, como tudo mais.