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de 9 de Março de 1920

incapaz de cometer qualquer acto que pudesse ser classificado' de dcslialdade. A ninguém o faria, e muito monos a IHH valoroso e ilustre homem público como é Domingos Pereira, de quem muito me honro ser correligionário.

Já o tenho dito e repito, é preciso colocar os assuntos no seu verdadeiro ponto de vista. A greve ferroviária tinha unicamente um aspecto social, e assim nós devíamos pôr de parte a questão da política partidária, que nada interessava de momento, para se procurar uma fórmula comum a todos, que apresentasse um programa social definido que a toda a gente servisse, permitindo solucionar em tácito acordo todos os graves conflitos sociais da hora presente.

Sr. Presidente: continua a haver uma grande confusão e é preciso quanto antes que ela desapareça para sempre, fixando nitidamente o prisma pelo qual devem ser observados todos os problemas nacionais e internacionais.

Assim insistimos que entre nós há uma questão política de partidos, quando, a meu Ver, há de facto uma questão social; continuamos a teimar nos artifícios para solucionar o problema financeiro, quando devíamos fazer convergir'toda a nossa atenção sobre o económico, que, uma vez solucionado, tê-lo há também àquele, e tudo mais na mesma proporção. Creio bem que deve estar no bom raciocínio e tenho esperanças que os homens públicos passarão a meditar afmcadamonte nestas >e outras quostõss procurando pô-las com toda a precisão em equação.

Sr. Presidente: as minhas saudações dirijo ao novo Governo.

Ele tem à sua frente um dos homens que eu mais admiro e venero, pelo sou passado intangível não só como republicano, mas como miiitíir que tanto cá dentro como lá fora, em África e França, tem manifestado de uma forma insofismável quanto é elevado o seu carácter o inoxce-dível a sua honra, devendo por isso a todos sem distinção merecer a máxima confiança.

Estou certo que a S. Ex.a o aos seus colaboradores merecerão a devida consideração as palavras que acabei de proferir.

Sr. Presidente: na declaração apresentada pelo Governo, frisa-se duma maneira

categórica que a sua principal preocupação ó a manutenção da ordem; oxalá tal se efective, pois isso é,indispensável para todos aqueles cujo espírito evolutivo anseia que duma maneira efectiva se abra quanto antes o caminho para a execução dos belos e nobres ideais que melhores dias trarão a toda a humanidade actualmente debatendo-se num sofrimento terrível.

Eu tenho fundadas esperanças de que ó actual Governo conseguirá de facto rein-troduzir a ordem na sociedade portuguesa.

E é por assim pensar que sendo eu, em princípio, contrário a qualquer situação que possa, ainda que vagamente, ter um aspecto de ditadura, me não repugna neste momento votar o adiamento pedido.

Alem de que, pela forma imperfeita como tenho notado que tem funcionado este Parlamento, sobretudo pela dificuldade de fazer estudar nas comissões os diferentes projectos, pois na verdade é impossível acompanhar com toda a assiduidade os trabalhos da Câmara e convocar simultaneamente as comissões, ou julgo vantajoso o adiamento de uni mês, devendo durante este período todos os parlamentares, consagrar-se .de alma-e coração ao estudo e trabalho dos inúmeros projectos que jazem nas comissões por forma a que, terminado o Jnterregno, estejam convenientemente preparados para serem dados para ordem do dia todos aqueles que, votados, possam solucionar os problemas urgentes que nos assoberbam.

Sr. Presidente: o Governo adopta também como divisa: Trabalho.

Vou começar' por me referir a .propósito dôle à greve dos funcionários públicos, tirando as ilações necessárias para justificar a moção que vou ter a honra de mandar para a Mesa.

A greve dos ferroviários tem, a meu ver, uma gravidade tal, que para mim, in-terprotando-a à letra, representa em parte a falência das nossas próprias instituições.

Sussurro.

O Orador:—Eu explico.