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Sessão de 9 de Março de 1920

. O Orador: — Sr. Presidente: disse eu que se o Governo souber governar com acerto, souber governar com decisão, e seo Parlamento não lhe der a ele os meios necessários para governar, sairá daquelas cadeiras.

Estas são as minhas palavras. V. Ex.as não ouviram outras.

Disse, e repito mais uma vez, e não admito que sobre as minhas palavras se faça qualquer idea que elas não comportem.

Sou um homem desassombrado, que nunca tive receio de dizer aquilo que penso, seja onde for e como for.

Disse eu, o peço que se registe: se o Governo souber governar com decisão e souber governar com energia e acerto, não lhe dando o Parlamento os meios necessários para que possa governar, sairá daquelas cadeiras.

Isto foi o que eu disse.

Mas acrescentei que (fuem fazia mal ao País não seria eu, mas aqueles que não lhe derem as condições necessárias para governar.

Vozes:—Muito bem. Assim está certo.

O Orador: — Se rectifiquei algumas palavras, digam.

Foi isto que eu disse.

O Sr: Manuel Fragoso: — Está muito bem; e se foi assim que o disse, está bem.

O Orador: — Quando me convencer que o Parlamento faliu, virei aqui dizê-lo.

O Sr. Manuel Fragoso:—Se o Governo governar, como V. Ex.a disse, tem o apoio do Parlamento.

O Orador: —Estimarei que V. Ex.* falasse pelo Parlamento.

Sr. Presidente: governe o Governo assim, terá cumprido o seu dever, porque à República e ao País terá prestado um grande serviço.

Emquanto não demonstrar o contrário, não há o direito de lhe fazer oposição, como aquela que já hoje se manifestou nesta Câmara.

Foi prolongada a crise, nomeado o Governo que se apresentou, e numas condições difíceis, eu vim para aqui para assis-

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tir em cinco sessões à discussão da crise política.

Vamos pelo mesmo caminho.

Hoje apresentou-se o Governo e falaram já os leaders dos partidos, e falo eu nas condições especiais em que me encontro colocado.

Vozes: — Fale quem quiser.

O Orador:—De palavras está o País farto.

Tudo que seja perder tempo com palavras, mais que necessários, tudo isso ó tempo perdido. (Apoiados).

Terminando, direi que só desejo felicidade ao Governo, para que bem possa corresponder às necessidades e à confiança do país.

O discurso na integra, revisto pelo orador, será publicado guando forem devolvidas as notas taquigráficas.

Os «apartes» não foram revistos pelos oradores que os fizeram.

O Sr. Augusto Dias da Silva: 7- Sr. Presidente: este assunto do funcionalismo, como muito bem" disse o meu ilustre amigo Sr. Ramada Curto, é uma questão aberta, razão por que eu uso neste momento da palavra. E como fui um dos Deputados da minoria socialista que rejeitou a proposta do Governo que antecedeu o actual, faltaria a um dever de consciência se não viesse aqui afirmar a V. Ex.a e à Câmara que os sintomas que transparecem da atitude que o Governo vai assumir, são absolutamente contrários à minha razão de ser e de sentir.

O mot d'ordre do Governo é ordem, ordem, ordem.

Eu, que conheço politicamente o Sr. Presidente do Ministério, considero o seu lema de mau agouro, e vou dizer a S. Ex.a o que penso a respeita de ordem pública e do redução de preço das subsistências.

É certo que S. Ex.a pode estar animado das melhores intenções de reduzir o preço do custo da vida, mas eu afirmo que isso lhe ó inteiramente impossível, atendendo à maneira como S. Ex.a pretende resolver o assunto.