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Senão de 11 de Março de 1920

O Orador:—Estou usando da palavra para explicações, portanto necessito ser preciso no que disser.

O Sr. Presidente : — Não desejo coar-tar a palavra de V. Ex.a e por isso vou consultar a Cântara, sobre se consente que V. Ex.a continue no uso da palavra.

-Consultada a Câmara^ resolveu no sentido afirmativo.

O Orador:—Pregunto à Câmara se pode confiar na boa fé e honestidade da Companhia, por forma a ficarem acautelados os interesses do Estado,°se amanha este quiser resgatar as linhas?

A Companhia há-de fazer chicana, e o Estado terá de "curvar a cabeça, perante as suas exigências, nffo conseguindo arrancar as linhas à Companhia.

"A Companhia, propositadamente quando muito bem lhe parece, faz.com que o pessoal faça greve. As greves na mão da Companhia servem de arma contra o Estado. E o próprio pessoal que faz à Companhia estas acusações.

Para o provar basta ler o jornal O Ferroviário de 19 de Setembro de 1919:

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«Surgem os malfadados decretos n.° 4:205 e 4:206. Tomados quási todos os postos dentro do sindicato, a Companhia Portuguesa manda ali dentro como em sua casa.

A campainha do telefone retine cons-tantcmente; é da Direcção, é da Administração "donde dão instruções, donde dão ordens. É o nosso homem quem está ao telefone».

O comité da greve- é constituído por agentes procuradores da Companhia Portuguesa enquadrados por meia dúzia de ingénuos. Um punhado de camaradas, mal apoiados pelo pessoal de oficinas, tonta reagir, mas debalde, nada consc guindo, perdão, conseguindo, com a indiferença do Governo, serem todos demitidos na última greve.

Com assento no comité, no primeiro plano, desenvolvendo a maior actividade, quem se v6 é o nosso homem para convencer o pessoal de oficinas.

Devo dizer a V. Ex.as que este homem, de apelido Ferreira, era empregado nas oficinas da Companhia Portuguesa, e que esta teve o cuidado de o mandar para o

Lobito, para não falar, mas creio que apesar disso ele falará.

A Companhia aproveitou a inexperiência do Sr. Brito Guimarães para arrancar-lhe a lei n.° 707 que dava à Companhia 750 contos. E eu pregunto se não é acautelar os interesses do Estado, íazer o contrário que a Companhia Portuguesa queria fazer.

A Companhia queria receber a mais, para depois tornar a dar ao Estado e nós dizíamos: receba a meúdo que nós lhe pagaremos; os senhores não podem pagar-se por si.

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^Eram eles ou éramos nós?

Ora, se se tratasse de uma questão clara, duma questão sobre a qual não pudesse haver a menor suspeita, por os interesses do Estado estarem firmemente acautelados, ninguém censuraria o ex-Mi-nistro do Comércio, por ter publicado essa portaria; mas como é uma questão vital, uma questão que representa o prejuízo de dezenas ou milhares de contos, uma questão taru importante para a vida da nação, em que, até a própria Companhia, reconhecia que 18 por cento a mais, poderia ' alterar as condições do tráfego, -eu declaro que o Sr. ex-Ministro do Comércio teve muita coragem em mandar publicar essa portaria- no Diário do Governo, quando já estava em via de formação outro Ministério.

Quanto à questão das imposições feitas ou não feitas, a propósito da constituição do Ministério António Maria da Silva, como não fui eu, quem negociou com o o Sr. Jorge Nunes, então Ministro do Comércio, 'abster-me hei de dizer qualquer cousa a este respeito.

As palavras oin conversas desta natureza têm um valor muito importante, e creio que o Sr. Dorningues dos Santos não guarda segredo sobre elas. V. Ex.a disse que se eu fosso Ministro do Comércio, a Companhia Portuguesa iria para a greve.

O Sr, Domingues dos Santos:—V. Ex.a

dá-me licença ? Não foi bem isso que -eu disse.