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de que os monárquicos tramam contra a República e contra a Pátria uma campanha a favor da intervenção estrangeira. Estou convencido disso o fui eu o primeiro a exprimi-lo no Parlamento.

Algumas considerações foram produzidas pelo Sr. Nuno Simões •acerca deste assunto, mas fui eu o primeiro a colocar a questão nestos termos, porque tinha autoridade para o fazer.

O Sr. Tavares de Carvalho : — Há mais gente com autoridade...

O Orador: — Tenho autoridade especial, porque fui eu que pus a questão nos termos om que a trato agora.

Apartes.

Foram presas duas pessoas em circunstâncias que podem representar a mais tremenda injustiça.

O Sr. Fernando de Sousa foi preso em virtude de ser director dum jornal. E'o Sr. Cunha e Costa não sei porque foi preso.

Não foram presos como traidores. Esta é a verdade.

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virtude da notícia vinda na Época as minhas palavras são razoáveis, praticou um acto arbitrário.

Ora não se sabe se a notícia inserta no jornal A Época pertence à responsabilidade d,o seu director.

Em relação ao Sr. Cunha e Oosta, é preciso que haja uma trernencfa falta de memória, um absoluto esquecimento • do que sejam os sacramentais princípios de liberdade de expressão de pensamento.

Quando o Sr. Presidente do Ministério transacto tratou da crise ministerial disse que devia haver todo o cuidado, porque se não isto ia para o fundo.

Não ê isto exacto ? . ,

Ora, se S. Ex.a empregou estas palavras, a interpretação benévola que se lhes pode dar é que o Sr. Domingos Pereira se referia à intervenção estrangeira.

Outros jornais concluíram que S. Ex.a se referia à perda da independência.

t Então os outros têm obrigações e quem tem- responsabilidades de Governo não tem nenhumas ?

Não temos obrigações nenhumas?

Só temos direitos?

E preciso reflectir que se trata de dois

Diário da Câmara dos Deputados

actos indesculpáveis que só podem desprestigiar o Governo e a Eepública.

Quanto a mini algumas razões espe-» ciais mo obrigam a dizer estas palavras.

Numa ocasião em que a opinião secta-rista se manifestava a favor da intangibi-lidade da Lei de Separação, em que ela parecia esquecida das suas antigas doutrinas e esquecida das tradições republicanas, perante a resposta dos bispos e perante a campanha dalguns jornais católicos, se persistia no espírito dehostilidade contra a República, em oposição à encíclica de Bento V, que era de concórdia e bons desejos para com a República. (Apoiados).

O Sr. Cunha Liai:—Quem levantou essa campanha foi um jornal radical.

O Orador:—Emquanto isso se dava, eu que sempre me revelei contra disposições excessivamente duras da Lei de Separação, ,e que tinha uni jornal qae dirigia, fazia nesse jornal uma campanha,. não no sentido de combater os bispos ou a Igreja, mas para esclarecer uma situação que reputava prejudicial à República.

Travada uma polémica com o director da Época, Sr. Fernando de Sousa, entendi travar uma polémica em artigo de fun-clo5 .mais violenta, contra aY atitude da Época, Q seu director.

Não quero que ninguém deste modo possa ter a impressão de «que foi por minha causa, com o meu consentimento, por minha iniciativa ou insinuação, quo o director dum jornal com quem travei polémica foi preso. Não. (Apoiados).

Digamos mais uma vez: Não.

Porque são circunstâncias especiais, e porque é uma tremenda ilegalidade. (Não apoiados).

Pode até prejudicar a República, a não ser que o Governo nos diga as razões porque mandou prender essas pessoas.

E preciso que se' digam aqui aio Parlamento, quais as razões por que^o Governo se colocou fora da lei.

Temos nós de o colocar dentro dela, porque só com. a lei é que se pode governar neste país, (Apoiados).