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Diário da Câmara do» Deputados

se saber porquê, sem que à Câmara fossem dadas explicações, saltando por cima das imunidades parlamentares, e expulsaram-no do País, fechando lhe as portas da fronteira.

Mas, dizia eu, assisti a este espectáculo curioso: é que os Deputados monárquicos, em número de 40, fizeram uma defesa frouxa e por forma tal, que a simples idea contida nestas palavras, alta traição, fazia intimidá-los na defesa dum homem que se assentava ao lado deles e que comuDgava das mesmas ideas. Este caso é absolutamente sintomático.

Eu não sei se estamos ou não em presença duma ilegalidade praticada pelo Governo.

Devo, no emtanto, dizer a V. Ex.*s que o que vou dizer é da minha responsabilidade pessoal. Há dadas épocas na vida dum povo que a lei suprema, é a lei da salvação; há dadas épocas na vida dum povo em que" os G-overnos têm o direito de passar por cima da lei. ^

Ora, Sr. Presidente, ou não acredito que a nossa situação seja tam grave que, apesar dos ataques insidiosos feitos contra a República, e de todos os ataques justificados que se façam contra a República, a situação do País seja tam miserável que "tenhamos de recorrer a esse sistema.

Mas parece-me que das palavras pronunciadas aqui nesta Câmara pelo próprio Deputado Sr. António Granjo havia direito para, o Governo proceder como procedeu.

O Sr. António Granjo: — Quem tem autoridade para dizer se as minhas palavras podem ser interpretadas nesse sentido sou eu.

O Orador: — Sr. Presidente: as palavras do Sr. António Granjo, depois do S. Ex.a as ter pronunciado, não lhe pertencem e podem ser interpretadas como devem ser, pois que nós não nos podemos meter no cérebro de S. Ex.a para sabe/ o que ele pensa.

O Sr. António Granjo:—Perdão; o que disse e digo ó q\ie estou convencido de que existe efectivamente entre monárquicos que estão exilados e os que cá dentro se encontram, entendimentos para

uma campanha a favor da intervenção estrangeira. Aproveitei essa notícia que vinha na Época para me referir à intervenção dos diplomatas estrangeiros na vida interna, mas, daí a dizer-se que eu tinha dito que a prisão dos Srs. Teles de Vasconcelos e Cunha e Costa foram bem feitas, vai uma distância infinita.

O Orador : — Sr. Presidente: no meu cérebro cada vez estão mais baralhadas as minhas ideas.

A primeira cousa que havia a fazer era preguntar ao Sr. Ministro da Justiça ou ao Sr. Presidente do Ministério, se estivessem presentes, e se não estavam mandavam-se chamar, porque motivos tinham sido presos os. Srs. Fernando de Sousa e Cunh-a e Costa, porquanto ninguém tem o direito de afirmar que, de facto, o Governo não tinha tido motivos para mandar fazer essas [prisões. Por conseguinte, nada se perderia em ter esperado meia hora ou uns 3 quaríus de hora, para fazor ao Sr. Ministro da Justiça a seguinte pre-gunta: —

O Sr. Ministro da Justiça (Ramos Preto):— Sr. Presidente: Sendo a primeia vez que'tenho a honra de faiar nesta casa do Parlamento, cumpro gostosamente o dever de cumprimentar V. Ex.a e os ilustres Deputados do meu país, cumprimentando-os com o respeito que me merecem e com a consideração que tenho pelos seus vultos mais distintos, homens honrados e sinceros patriotas.

Não era eu quem devia falar, mas sim o Sr. Presidente do Ministério; S. Ex.% preso na outra Câmara por virtude duma discussão, delegou em mim a honra de o representar aqui.

Há bocado já o Sr. Jacinto Nunes fez xuma preguiita igual á do Sr. Cunha Liai, tendo, segundo me consta, abordado antecipadamente o assunto o Sr. António Granjo.

Preguntou-se, pois, quais os motivos por que haviam sido presos os Srs. Fernando de Sousa e Cunha e Costa.