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Sessão de. 30 de Março de 1920

cão de Setembro a ocuparem as posições da primeira fila. Ela, pois, saberá manter honrosamente a nossa posição no mundo. Mas, Sr. Presidente, não é o Tratado da Paz que nos tira ou que nos põe.

A guerra, Sr. Presidente, deu-nos apenas a honra dos nossos soldados; deu-nos apenas o direito de falar aos grandes e aos senhores com autoridade e orgulho.

Nada mais nos deu.

i Porquê?

Porque somos pequenos e quem governa sãq os grandes.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O discurso será publicado na integra, quando o orador restituir, revistas, as notas taquigráfícas que lhe foram enviadas.

O Sr. António Granjò: —Sr. Presidente: foi este congresso convocado extraordinariamente pelo Governo para discutir e ratificar o Tratado da Paz. Prestou-se assim o Governo, Sr. Presidente, a fazer uma convocação em termos a que não se prestou nenhum dos Governos anteriores.

Não temos o Livro Branco.

Não temos o relatório da nossa delegação à Conferência da Paz.

Todo o nosso estudo tem de limitar-se à leitura, mais ou menos inteligente, do próprio Tratado. A situação em que o Parlamento se encontra é assim bem de molde a justificar as palavras proferidas pelo ilustre Deputado Sr. Júlio Martins, quando disae que o que havia a fazer era simplesmente ratificar o Tratado da Paz. Efectivamente, é o que nos cumpre. •

A crítica do Tratado, com os elementos de que o Parlamento dispõe, foi feita pelo Sr. Deputado liberal Brito Camacho. E S. Ex.tt fê-la em termos tão alevantados que dificilmente se poderá dar uma nova discussão nos mesmos termos.

Como muito bem disse o Sr. Ramada Curto, quando mais não houvesse, o discurso de S. Ex.a teria salvo a honra do convento, demonstrando que o povo português tem a consciência dos seus direitos e dos seus deveres, e que por isso mesmo lhe assiste o direito de protestar com toda a veemência contra as estipulações do Trarado da Paz, que não reconheceram como deviam os sens direitos.

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O -Partido Republicano Liberal orgulha-se que dele faça parte esse' homem público, honra da República (Apoiados) que no tempo da propaganda desempenhou um dos mais salientes e elevados papéis, fez parte do Governo Provisório, foi chefe dum partido político e é o mais antigo parlamentar desta Câmara, e pelo qual todos devemos ter respeito, não apenas o que deriva dás relações que entre todos deve haver, mas o que deriva do reconhecimento dos seus méritos e qualidades. (Apoiados).

Parece-me, porém, que alguma cousa há a dizer, além do que já foi dito. Não seria despropositado lembrar que antes dos Estados Unidos terem intervindo na guerra, lançando para ~o campo de batalha o valor dos seus soldados, neste mesmo Parlamento se fez a declaração de guerra, não para defendermos propósitos de rapina ou ambições desmedidas, mas justamente para termos o nosso lugar no campo de batalha defendendo o Direito e a Justiça esfarrapados pela Alemanha. Foi a seguir à invasão-da Bélgica, quando o orgulho da primeira vitória levava a Alemanha a declarar que o Tratado que assegurava a neutralidade da i.élgica eram ch/ffons de papier, foi nessa altura que a alma portuguesa se levantou e, traduzida pelo Parlamento, exigiu o seu lugar nos campos de . batalha, porquê tal era o seu dever e o seu direito.

Nesta hora, ao ratificarmos o Tratado da Paz, devemos lembrar com orgulho que interviemos na guerra apenas com a vontade decidida e firme, e assegurando o nosso património colonial e a nossa independência, defendermos a independência dos povos pequenos, dos povos que, como nós, dentro dos seus próprios direitos deviam ter efectivamente o seu lugar junto das nações livres com consciência para se desenvolverem dentro da sua idio-sincrasia, recursos e história.