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Sessão de 80 de Março de 1920

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Relativamente à posição que Portugal ocupa dentro dela, já foi feita uma análise, completa polo {Sr. Brito Camacho.

E a mesma posição já definida no apó-logo do padre Manuel Bernardes. a posição daqueles quo escolhem amigos notavelmente superiores : ó o caso da bilha de barro e da bilha de cobre.

; Sempre a bilha de barro ficou partida e sempre a bilha de cobro ficou inteira!

Nenhuma das questões quo interessam à nossa nacionalidade foi resolvida no Tratado da Paz. Nesse documento nem sequer estão fixadas as nossas fronteiras no Rovuma, porque não se sabe. SP aquilo que nos fica definido .no Tratado' ó uma clara e honesta delimitação de fronteiras, ou se a simples, restituição da parte de Kionga, a que vulgarmente se chama o Triângulo de Kionga, nom sequer a pequena zona ao sul de Angola, que se acha, segundo creio — e S. Ex.a dirá se sim ou não — numa jurisdição combinada de ingleses e portugueses, nem sequer isso, de real valor para Angola, visto quc° dentro de tal território exis"te uma das mais formidáveis quedas de água quo poderia vir a sor a fonte de energia para a industrialização daquela região, ficou fixado para Portugal.

Quanto a indemnizações, a Alemanha tinha a obrigação de pagar todas as despesas, mas apareceram credores privilegiados — a França o a Bélgica — e tal era legítimo. A fortuna pública da Alemanha estava em 1914 calculada em 475 biliões de francos, e o montante das indemnizações, quo uns elevavam a l milhão do biliões, está em 875 biliões de francos, mas, Sr. Presidente, . admitindo que as indemnizações cheguem apenas, e mal, para pagar aos credores privilegiados, o mais que se pode admitir quo a Alemanha pode pagar sào 120 biliões, representando esta cifra para toda a população alemã, desde os homons de 80 anos até às crianças do mama, a capitação d y 475 francos por ano. j 4 Em quo cabeças de negociadores só poderia motor a possibilidade do tal facto se realizar?!

^E não viram Ossos homens — ôlos, os conservadores — que, só amanhã os aliados optassem pólo pagamento om espécie, absorvendo assim toda a produção alemã, só realizaria o colectivisvo do Estado que tanto receiam? O operário e o trabalha-

dor seriam então apenas os produtores, e a Alemanha uma grande oficina, cuja produção exclusivamente se destinaria ao pagamento das indemnizações de guerra.

^O Sr. Júlio Martins:—j^E as martirizadas populações da França e da Bélgica ?!

O Orador: — Olhe, Sr. Júlio Martins: há homens quo falam línguas diferentes e eu, por exemplo, não percebo o chinês. V. Ex.a ou compreende a justiça fundamental do meu ponto de vista, que ó, aliás, o dos homens que não são cegos ou que não querem sustentar por capricho um ponto de vista militarista, ou não tem razão para me interromper, porque não lho posso dar mais explicações.

Um aparte do Sr. Júlio Martins.

O Orador: — Sim, as pobres populações, as pobres crianças alemãs, porque não devemos ignorar quo hoje em Viena existe ao canto do cada rua uma ambulância, havendo tambôm um lactário — quando há leite! -

Porque acontece frequentemente caírem na rua homens, mulheres e crianças. Do quê, de fome.

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O Sr. Barbosa de Magalhães: — 4E quem é o culpado da guerra?

O Orador:-—Os militaristas.

Sussurro.

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O Orador: — Esto barulho não honra o Parlamento.

Sr. Presidente: a Alemanha, para mim, é tam antipática como ao mais ardente patriota que aqui estoja, mas a Alemanha de Kant o Ileckol, a Alemanha de Bee-thowon'o Schubcrt, a Alemanha da sciên-cia do aplicação, a Alemanha que levantou a tradição intelectual do mundo, a mais forte e formidável, a Alemanha onde há crianças, mulheres e artistas, essa podo bem opor-so às acusações dos seus adversários (Não apoiados). Como a França de 1870, que caiu na lama do terceiro império; mas a fama imortal da França essa salvou-se.