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Diário da Câmara dos t)eputadoê

Na Liga das Nações há representantes, há muitos representantes, como enumerou o Sr. Camacho, e no emtanto não têm ali representantes os 178 milhões de russos, nem os 70 milhões de alemães.

Na Liga. das Nações há representantes do Egipto, que é um protectorado inglês, e o Império Inglês tem tantos votos quantos são os seus domínios coloniais.

Na Liga das Nações, ao imperialismo de Guilherme II, opõe-se agora o imperialismo americano, o imperialismo francês, o imperialismo inglês e o imperialismo japonês.

Era de esperar, que, ao concluir-se a paz, não ficasse este equívoco que não evita.que no futuro se repita a formidável tragédia que foi a guerra.-

Estou certo de que a este czarismo hoje se levante uma outra força, que já se opõe aos Governos que defendem a actual constituição da sociedade. Essa força, que já dita ao mundo as suas leis, é a consciência socialista, que reconhece que só a superprodução deu origem à guerra e por isso trata de evitar outro conflito sangrento, abrindo ao mundo uma nova era.

E a hora da diplomacia aberta, ó a hora das reivindicações, ein nome dos outros princípios, é a1 hora da luta em nome da justiça, que já canta como alvo-' rada dentro daqueles que não têm a coragem de o dizerem.

A razão porque a Rússia não assinou o Tratado foi porque nesse país o regime da propriedade é diferente do regime da propriedade em França.

A razão por que os 178 milhões' de russos não ficaram incluídos na Liga das Nações é porque actualmente a concepção do propriedade na Rússia é por completo diferente da do Governo francês.

Por isso esse tratado, nas suas minúcias, não foi aprovado pelos Estados Unidos da América e a Itália aprovou-o por um simples decreto, não tendo a coragem de o levar ao Parlamento, onde há 145 socialistas.

Por este Tratado pretende-se relegar a responsabilidade de Guilherme II e doutros alemães por uni tribunal, preparado adredo, como nunca houve no roma-nismo, nem podia imaginar, o direito canónico.

Tratado, que não è cumprido porque nem os responsáveis da guerra foram entregues aos vencedores, porquê nobremente, dignamente, corajosamente a nação holandesa disse que não, não valendo sequer as esquadras inglesas e o poder formidável dos vencedores para arrancarem à Holanda os homens que, sendo os mais refaJsados criminosos que a história regista, não se encontravam, todavia, sob a alçada de qualquer lei que permitisse o seu julgamento, esse Tratado que consigna a alienação da bacia do Sarre à França, quando o que seria legítimo era que os alemães, que tinham destruído as minas e impedido a continuação da exploração, fossem obrigados simplesmente a repô-las no seu primitivo estado ...

O Sr. Júlio Martins : — j E até lá morria a França sem carvão!

O Orador : — < . . e nunca a alienação pura 0 simples dessa região mineira, obrigando os seus 150:000 habitantes a ser franceses durante 15 anos.

O Sr. Barbosa ue Magalhães : — ; O Tratado não diz isso!

O Orador: — V. Ex.a não tem base alguma para me poder contradizer.

Além disso, é absolutamente ingénua a concepção dos vencedores de que, para acautelar qualquer possível acto de hostilidade por parte dos alemães, basta manter em armas perto de 100:000 homens como se pudessem impedir a Alemanha, unida como um só homem, de lhes dizer : ocupem os nossos territórios, ou, mesmo evitarem que ela, auxiliada, . porventura, pela Rússia, lhes dissesse terminantemente que não cumpriam o Tratado de vencidos.

Este é o valor moral deste documento..

A Sociedade das Nações, que não exclui a hipótese da guerra, que não cria um tribunal arbitrai e que mantêm o direito a cada nação, menos à Alemanha, de se armar como entenda, e.ssa Sociedade das Nações ainda não começou a funcionar e já surgem entre as nações que a formaram irredutíveis conflitos.