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Sessão de 13 de Maio de 1920

aptas a fornecer, ein poucas horas, centenas de toneladas de carvão.

Porto amplo o seguro, os navios ali encontram carvão, água e refrescos, gente que fala o português, autoridades portuguesas e onde, principalmente, encontram a bandeira verde-rubra, símbolo da nossa Pátria, tremulando no cimo do farol do ilhéu dos Pássaros, a meio da baía e no Fortim, sobranceiro à cidade do Min-delo.

E falo assim, Sr. Presidente, pois sei que alguns vapores dessa empresa, que é do Estado, em vez de ali, irem quando vêm dos portos do,sul de África e se dirigem para Lisboa, preferem ir ao porto francês de Dakar, na costa africana, para se abastecerem de carvão e refrescos,

^cousas estas que, facilmente, encontram

'em S. Vicente.

Vozes : — E incrível, é inaudito !

O Orador: — Salvo erro e. melhor opinião, parece-me que isto constitui um facto auti-patriótico, anti- colonial e anti--económico, que eu, do alto desta cadeira, me permito condenar.

Toda a gente, nimiamente conhecedora dos problemas coloniais, sabe que esse, do fornecimento de carvão em S. Vicente, é da máxima importância para a economia daquela colónia, pois dele tira uma grande parto dos seus rendimentos.

Durante a grande guerra esses rendimentos foram reduzidos ou quási nulos mercê do alarme causado pelas ameaças constantes dos submarinos inimigos, que por fim lá forarn uma vez praticar as suas proesas, metendo no fundo, dentro dá baía, dois vapores brasileiros.

Era ocasião agora, Sr. Presidente, que todos se movimentam para fomentar as suas fontes de riqueza, que nós o mesmo fizéssemos, procurando pelo exemplo, pela propaganda e por melhoramentos na baía, aumentar a navegação do Porto Grande e torná-lo apreciado o procurado pelos navios das grandes companhias transatlânticas. Mas, em voz disso; os nossos navios, que são os navios do Estado, passando perto dele, preferem os portos de nação estrangeira, indo a Dakar tomar carvão e refrescos, afugentando, porventura, com o sou gosto anti-patriótico, os navios das restantes íiacões.

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£ Ora se os nossos fogem, o quo farão os estrangeiros?

Este facto ó tam lamentável e extraordinário que, sem mais considerações quo seriam escusadas, eu me limito a,apelar' para os Srs. Ministros, a quem me dirijo especialmente, para que S. Ex.as indiquem aos nossos navios o seu patriótico dever, indo ao Porto Grande de S. Vicente, onde, como em Dakar, tudo encontram para lhes satisfazer as suas necessidades.

Aproveito a ocasião para tratar dum assunto não menos importante e para o qual chamo a atenção do Sr. Ministro. das Colónias.

A província de -Cabo Verde tem uma população de 150:000 habitantes, espalhada por nove ilhas em uma área de 3:928 quilómetros quadrados, e para seu serviço tem, no actual momento, tam simplesmente cinco médicos, o que dá uma proporção de um médico para 30:000 habitantes.

i O quadro do serviço de saúde é do 19 médicos, mas 2 estão 'em serviço na Direcção dos Serviços de Saúde do Ministério das Colónias, 2 estão na metrópole no gozo de licença graciosa, 5 estão em serviço na colónia, havendo, portanto, dez vagas!

Há cinco ilhas que não têm médico, sendo algumas delas bastante populosas, como a ilha de Santo Antão que possui perto de 34:000 almas.

j S. Tiago, com 59:222 habitantes, tem dois médicos na cidade da Praia; S. Vicente, com o seu serviço do porto e perto de 11:000 habitantes, tem também dois médicos; S. Nicolau, com 12:000 almas, tem um médico l

Mais nada!

É preciso notar que a província de Cabo Verde, tem um clima tropical, e que se em algumas ilhas o clima é excelente, em outras ele é mais ou menos insalubre, sobretudo na época das chuvas, que se aproxima.

Também o arquipélago é por vezes assaltado por epidemias, como a da pneu-mónica, em 1918, que muito fazem sofrer os seus habitantes, onde, ao par dos nativos civilizados, vive uma grande colónia do metropolitanos e estrangeiros.