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vern ser abandonados por uma mãe pátria, que pretende ocupar um lugar proeminente em meio da civilização e conservar intangível o património que lhe foi legado por seus antepassados.

Esta reclamação que venho fazendo não é de agora.

O Sr, Presidente: — Tenho que advertir V. Ex.a que já passou a hora regimental.

Vozes:—Fale, fale.

O Sr. Presidente:—Em vista da manifestação da Câmara, pode V* Ex.a continuar com a palavra.

c

O Orador: — Sr. Presidente : essa reclamação foi iniciada há mais de ano e meio, qnando ali se começou a sentir a falta dos carinhos e disvelos da classe médica.

No Diário do Governo n.° 241, de 16 de Outubro de 1919, o Governo íêz publicar um aviso convidando médicos para irem para as colónias completar os quadros de saúde.

Como os médicos que vão para as colónias precisam ter o curso de medicina tropical, o aviso dizia o seguinte:

Os candidatos admitidos nestas condições serão nomeados provisoriamente médicos de 2.a classe, e perceberão durante o tempo do respectivo curso, a importância de 80$ mensais, paga pela colónia em que forem colocados, correspondente ao Vencimento daquela categoria, com que ingressam, definitivamente nos diversos quadros de saúde das colónias, após a conclusão do mesmo curso.

Pois passaram-se meses e o Estado nunca pagou $00(5) a nenhum destes médicos, o que deu em resultado, a maioria deles fugir e só chegarem ao fim do respectivo curso, perto de trinta médicos.

. bilateral, como foi o que se estabeleceu

pela publicação do aviso no Diário do

Governo, o governo se permite faltar a

esse contrato?

Acho isso inaudito. (Apoiados).

Um facto assim não se pratica com

ignorantes e boçais, e muito menos com

uma classe tam digna de consideração, tam

sciente e tam culta como a classe médica.

Diário da Câmara dos Deputados

O que é facto, Sr. Presidente, é que no quadro de saúde de Cabo Verde, faltam dez c médicos e desta forma o povo alarmado e aflito pede providências ao respectivo governador, e o governador por seu turno, pede providências ao Governo e eu também com a alta responsabilidade que sobre mim impende como Deputado, peço à entidade que o possa fazer, que mande médicos para Cabo Verde e para todas as outras colónias, onde tanto se faz sentir a sua falta. (Apoiados).

Terminando, tenho a observar que, dizendo toda a gente que a nossa regeneração e o nosso futuro estão nas colónias, é para lamentar que a elas se não preste a devida atenção, e que só uma vez durante os seis meses em que tenho tomado parte nos trabalhos desta Câmara, se tivesse' tratado de assuntos coloniais, mostrando-se assim o pouco interesse que eles dis-pertam.

Por último, o assunto de que agora me vou ocupar reveste um caracter de moralidade e por isso.peço ao Sr.Ministro que se acha presente o favor de transmitir as minhas considerações aofSr. Ministro das colónias.

O jornal O Século, do dia 28 do mês passado, diz num artigo o seguinte:

«Em Agosto de 1919, há nove meses portanto, partiu para Cabo Verde uma comissão de dois indivíduos, a título 'de inspeccionar as alfândegas daquela província.

A despesa mensal com os vencimentos que o Governo faz com tal comissão, orça por 1.000$ e o mais interessante é que a dita comissão ainda não mandou para o Ministério qualquer trabalho justificativo dos seus chorudos vencimentos, e por lá se manterá por muito tempo ainda, se o Sr. Ministro das Colónias lhe não der por finda tão escandalosa quanto desnecessária comissão.

Qualquer técnico faz unia inspecção, até mesmo reorganizando os serviços aduaneiros, em quatro meses; não obstante a comissão que em Agosto do ano do ano passado foi para Cabo Verde, limita-se a receber os 1.000$ mensais».