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Sessão de 15 de Junho de 1920

mente uma atmosfera de confiança pública em volta da comissão parlamentar de inquérito ao extinto Ministério dos Abastecimentos, que se traduziu porque se tinha de traduzir, numa atmosfera de confiança na República.

Sr. Presidente: eu quero ir até o fim no desfiar dos argumentos que se produziram contra as deliberações tomadas pela comissão para não deixar o mais pequeno argumento de pé.

Disse o Sr. Cunha Liai que visse a comissão em que situação ficava a nova comissão que fosse eleita,

S. Ex.a acrescentava que a comissão-declarava que havia dívidas ao Estado e apresentava as dívidas que .eram mais fáceis de conhecer, e S. Ex.a afirmava que a comissão não podia invocar esses serviços à República porque para isso foi apenas consultar a escrita da moagem.

O Sr. Cunha Liai afirmou que depois se diria, visto que as dívidas a cobrar são no seu entender as mais difíceis a cobrar e porventura incobráveis, se diria, que a comissão actual é que tinha trabalhado e'que a nova nada fazia, pois não cobrava essas dívidas.

Todos os argumentos têm valor por momentos e terão tanta lialdade como os que eu apresento, mas não me parece legítimo que a opinião pública diga da comissão que vier depois desta que essa comissão trabalhou e cobrou mais ou menos dívidas.

Veja a Câmara como não há de facto nenhum argumento que colha de forma a convencer a comissão que deve retirar o seu pedido de demissão.

Sr. Presidente: eu posso dizer com toda a sinceridade -do meu espírito e do meu coração, porque conheci a situação melindrosa em que muitas vezes nos encontrávamos na comissão, que tivemos muitos desgostos.

Eu, por exemplo, tenho o maior amigo dos tempos de Coimbra, da Faculdade de Direito, um irmão do Sr. Pereira Coelho, a quem me liga a mais profunda ami-sade.

Muitas vezes nos encontrávamos e falávamos horas seguidas sobre a proclamação da República e outros assuntos do nosso ideal.

Precisamente esse meu maior amigo é •eonio disse irmã"o do director geral do

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Ministério dos Abastecimentos, o Sr. Pereira Coelho.

Julga a Câmara que me foi agradável a situação em que me encontrei perante 6sse facto?

O que digo com relação ao Sr. Pereira Coelho digo corn respeito a outros, com quem se deu o mesmo caso..

Ninguém pode exigir a um homem esta situação, considerando-o a Câmara como um forçado de grilheta ao pé, para em certa altura dar conta dos seus actos.

Compreendo que não seja agradável aos meus ilustres colegas desempenharem esta comissão, mas pareco-mo que seria justo que, tendo nós suportado esta situação, alguém apareça para que nos faça justiça.

E indispensável que aqueles que nos acusam tenham a coragem moral e física do ir para essa comissão, para que conheçam, ao menos, as tremendas dificuldades dessa missão e para assim fazerem justiça, reconhecendo a injustiça praticada, acusando os seus membros como capazes duma acção parcial.

Nunca hesitámos no cumprimento integral das -nossas obrigações.

Mas a Câmara faça o que entender; o que não posso tolerar, sem protesto, é que, sendo a Câmara constituída por 163 membros, venha dizer que 10 ou 12, que fazem parte da Comissão, têm a responsabilidade da situação que provier do inquérito.

Isso não.

(? Pois então a República estaria bem servida se não contasse para a servir com esses 10 ou 12 membros, e exigem aqui os outros membros que a servem, com a mesma sabedoria, não possam servir nessa comissão?

Não posso admitir que venham aqui dizer que estãx) isentos disso, que não têm obrigação de prestar essa prova.

^ Alguém me pode impor a Dbrigação de continuar pertencendo a essa Comissão, quando eu entendo que não posso continuar a prestar serviços à República? Não!