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Sessão de 20 de Julho de 1020

O Orador: — Pode ^r. Ex/"1 fazer as interrupções que quiser.

O Sr. João Camoesas: — Sou juiz da oportunidade delas.

O Orador: — Desafio V. Ex.a a que as faça. V. Ex.a ó juiz da oportunidade delas, mas pode V. Ex.a ficar certo e a Câmara, que nio conhece, que não fujo às responsabilidades dos meus actos e palavras quando é preciso defender a República ou os princípios.

Dizia eu, Sr. Presidente, que ria Câmara manifestei sempre, o os meus correligionários manifestaram igualmente, que era necessária uma trégua política que consentisse a constituição dum Governo de competências, arrancadas de qualquer dos partidos e que pudesse encontrar da parte dos mesmos partidos o apoio essencial pela aceitação de certas e determinadas bases que importavam à nossa reorganização financeira e económica.

Não foi, Sr. Presidente, pela opinião discordante dos meus amigos, não foi pela opinião discordante dos meus correligionários que não se realizou esse problema, que aliás outros republicnnos defendiam também; nós assumimos, com inteira autonomia, a atitude que nesta Câmara entendemos necessária ao bem da República, e assumimos essa responsabilidade não só com inteira liberdade, mas com a certeza, com a convicção de a manter e defender em qualquer campo, atitude que o nosso passado nos autoriza a manter, atitude que entendemos necessária à vida regular da República. Mas, dizia eu, que a obrigação não incumbia de facto às minorias de apoiar um Governo que não saiu delas, mas incumbia às maiorias, àqueles que se encontravam ligados com o Governo e sobre elas o Governo repousava a certeza da sua vida.

Para entrar, porôm, na colaboração com este Govôrno nós tínhamos em face de nós um problema gravíssimo, e era vermos novamente impossibilitada a formação dum Governo presidido por um homem que, pertencendo a outro partido, ©rã, contudo., um republicano que nos merecia toda a consideração e que não tínhamos direito a duvidar das suas intenções, e ainda porque as suas ideas anteriores

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não estavam de tal maneira antagónicas com as nossas ideas que lhe pudéssemos recusar o nosso apoio partidário.

Foi nestes termos que entramos neste Governo, mas veremos, com prazer, que a Câmara, neste momento difícil da República, analise com inteira liberdade, como costuma fazer, e com a elevação-com que sempre o faz, se o GovGrnor pelas pessoas que o constituem, pelos intuitos que o dirigem e condicionam, merece ou não o seu apoio.

Para mim será de prazer a hora em que a Câmara diga que este GovCrno não lhe merece apoio, porque nos livrará duma colaboração com outros partidos,, onde aliás nós temos de cercear as nossas ideas, mas veremos, com desgosto, que isso se realize, porque sabemos que a República irá novamente ingressar numa longa crise política, donde dificilmente sairá, conhecendo todos, como conhecemos, os dados com que essa crise política há-de ser resolvida.

Sr. Presidente: para finalizar, e resumindo as minhas considerações, direi a V. Ex.a que este Governo conta, em-quanto prosseguir na realização do seu programa, na parte essencial, contará inteiramente com o apoio do Partido Reconstituinte., com a certeza de que ele procurará activar a votação dos orçamentos e das medidas financeiras para a República entrar numa vida regular.

Tenho dito.

O orador nd.o reviu.

O Sr. João Camoesas (para explicações) : — Sr. Presidente: agora, que se trata da apresentação do Governo nesta Câmara, creio não ser oportuno trazer para aqui rivalidades políticas a dentro-do meu partido; esta explicação é simplesmente para V. Ex.íl verificar que-quando eu dizia que era juiz do debate o fazia inspirado em sentimentos políticos-que são do respeitar por todos os lados-da Câmara.

O orador não reviu.