O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de '20 de Julho de 1020

republicana foi proferida há cerca de um mós — no próprio dia da queda do Ministério Ramos Preto-

Deturpadas pela niá língua indígena, ainda se compreendia que, podendo eu ser Ministro daí a dias, provocassem imediatamente um. pânico na Praça que tanto aprecia o Sr. Inocêncio Camacho, e que este tanto conhece. Quis-me o Sr. António Maria da Silva para seu companheiro de Ministério, e tam gentil quis S. Ex.a ser para comigo que afirmou ao Sr. Júlio Martins, para forçar a minha decisão, que declinaria o encargo de constituir Ministério, se eu me não resolvesse a colaborar com S. Ex.a Agradecendo tantas deferên-cias, que eu não merecia, mantivè-me irredutível nos meus propósitos, porque também eu queria, como agora o Sr. Irio-cêncio Camacho, tranquilizar os assustadiços burgueses e fidalgotes da Rua dos Capelistas, receosos do tal meu bolche-vismo.

Ninguém nos meios políticos ignorava os meus propósitos de não entrar em combinações ministeriais, porque eu não os ocultava, a fim de que os alviçareiros pudessem sossegar as almas aflitas. Pois diz-mo agora o Sr. António Granja que, um mós depois de proferidas, e quando ninguém falava já na possibilidade de eu me amesendar na cadeira onde se assenta agora o maior financeiro dos nossos tempos, com licença do Sr. Afonso Costa..., as minhas palavras produziram uma corrida ao Banco de Portugal, j Estranhos sustos os da Rua dos Capelistas que se produzem com uma tal diíerença de fase em relações às causas que os determinam!

í Pois não é tudo isto suspeito — estes sustos, a chamada do Sr. general Abei Hipólito, a queda do Ministério António Maria da Silva e a tranquilidade que o Sr. Inocêncio Camacho jm*a à praça trazer escondida nas algibeiras!

O 'que 'isto "tudo" parece provar é que os políticos são nas mãos da Rua dos Capelistas pobres títeres desarticulados. Por agora só quero afirmar ao Sr. Presidente do Ministério que razão para um pânico deu-a S. Ex.a quando arrancou à força à imprudência do Sr. Pina Lopes a confissão do enormes débitos dos bancos ao Estado, apesar de todos os meus podidos par." não se avançar mais

21

caminho, j Pois ato coni essas culpas de V. Ex.a carreguei eu, Sr. Presidente do Ministério l Até com essas !

Mas cmfim todo o mundo fala nesta sala como a querer abalar as minhas afirmações, e, por isso, permita-me V. Ex.% Sr. Presidente, que eu lhe chame para o caso a sua atenção.

O Sr. Presidente:—Peço a V. Ex.;ts que não formem grupos.

O Sr. Nóbrega Quintal:—Estão 3 Sr s. Deputados em adoração ao Sr. Presidente do Ministério.

O Orador: — É adoração dos Reis Magos. (Hilariedade). Terminarei, poiss, este incidente por pedir ao Sr. Presidente do Ministério que nunca mais de ânimo leve, e fazendo-se eco do que se diz algures com intuitos inconfessáveis, atribua às minhas palavras uma influência e um peso que elas não têm. Ainda se as tivessem pronunciado criaturas volumosas como S. Ex.:i ou o Sr. Inocêncio Camacho ou o Sr. Velhinho Correia, ainda se compreendia. Mas palavras minhas, palavras dum homem que não chega a pesar 70 quilogramas... Oh, Sr. Presidente!

Vem tudo isto a propósito das declarações do Sr. Ministro das Finanças no acto da sua posse.

Verificou-se, no decorrer das negociações para a.solução destas crises, que nenhumas dificuldades o Partido Popular pus a qualquer dos republicanos encarregados, sucessivamente pelo Sr. Presidente da República, de formar Ministério.

Não fez nunca exigência de pastas; apenas só limitou a impor a condição dum acordo prévio sobre programas.

Transigia o meu partido em colaborar com o próprio Partido Liberal, o que representava um sacriíício quo era grande, sabem-nos todos quantos conhecem a nossa pouca voracidade do Poder.

Em resposta à nossa transigência, o Partido Liberal, lembrando-se talvez do delenda Carthago, declarou-nos guerra de morte, impondo a nossa exclusão do Poder, como se isso não fosse satisfazer --nos os desejos.