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prudente silêncio do Conrado — silêncio que se continua na declaração ministerial.-

O Partido Popular pode bem com as responsabilidadcs das palavras que eu aqui pronunciei, e à volta das quais, a Rua das Capelistas teceu uma complicada rode de intriga e do chicana.

Nada se importa o Partido em que mi-lito que nos chamem «bolchevistas» aqueles que, açambarcando, especulando com a fome do país e roubando-o ignobilmente, são, afinal de contas, verdadeiros, autênticos e perigosos «bolchevistas».

Como da Rua dos Capelistas chegou ato as salas do Ministério das Finanças, levada pelo Sr. Ministro actual, a frase já agora célebre eni quo as burras dos argentários e a guarda republicana andam envolvidas, importa desfazer aqui a especulação, embora lá fora ela continue rolando como uma bola de neve. Era Ministro das Finanças o Sr. Pina Lopes — que já me vai parecendo grande ao compará-lo com certos pigmeus promovidos a gigantes — quando um dia aqui fiz a demonstração do estado caótico da Contabilidade Pública e do pouco cuidado que S. Ex.a pusera na análise da situação do país e dos remédios que haviam de produzir-lhe a cura. segundo í» opinião de S. Ex.â e dos seus colaboradores.

No dia seguinte, irrompe pela Câmara o actual Ministro do Comércio, a afirmar esbaforido que vo Ministro das Finanças era atacado porque as «forças vivas», com que agora S. Ex.* deve ter feito as pazes por intermédio do Sr. Inocêncio Camacho, não queriam pagar.

Tudo fazia prever uma crise ministerial. Importava, pois, desfazer uma afirmação que, passando em julgado, deixaria mal colocados homens que no dia seguinte poderiam ser chamados a governar .

Nestas condições, repeli a infundada acusação, dizendo ao Sr. Velhinho Correia e à Câmara que não estávamos aqui a fazer a política do Século, nem a das «forças vivas» mas simplesmente a defesa dos interesses do país.

Tinha a legislação do Sr. Pina Lopes o defeito de ser apressada e não obedecer a um plano definitivo e concertado de acordo com a situação do Tesouro,

Era necessário tornaria viável, corrigindo-a com o concurso de todos os par-

Diário da Câmara dos Deputados

tidos, e ouvindo os próprios interessados. Mas se, uma vez expurgada essa legislação dos seus excelsos e puerilidades, as forças vivas não quisessem pagar, então, se eu fora Ministro, obrigá-las-ia a isso, nem que para tanto fosso necessário recorrer ao auxílio da guarda republicana: porque o interesse supremo da salvação da grei está muito acima de todos os egoísmos absurdos das castas ou das classes.

Foram as minhas palavras ditadas pelo mesmo princípio que forçou o Partido Popular a colocar-se contra os ferroviários, levados a reboque da voracidade de certas empresas. É quo não somos cortesãos do ninguém: nem dos de cima nem dos de baixo. É que antepomos a todas as fáceis popularidades da praça publica, ou da Rua dos Capelistas o aplauso das nossas consciências que nada faz vergar.

Mas o Sr. Inocêncio Camacho não p arou por aqui no acto de tomar posse. Declarou mais que a simples circunstância dele se sentar nas cadeiras do poder era o quantum satis para os homens da Praça só tranquilizarem e para que os depósitos voltassem aos bancos.

Ora isto exige uma explicação. Houve um princípio de corrida ao Banco de Portugal, (j Quem ou o que provocou esta. corrida?

O Sr. Presidente do Ministério (António Granjo):—Peço licença a V. Ex.a para dizer que, tanto quanto eu vi, não é exacto que tivesse havido uma corrida ao Banco de Portugal. O que houve foi um levantamento um pouco anormal dê depósitos e isso em grande parte provocado pelas palavras de V. Ex.a