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Sessão de 23 de Julho de 1920

trazido, com a sua entrada para o Governo, uma inteligência e mn carácter, para a defesa da República. (Apoiados).

Sr. Presidente : se houvesse justos receios Je que a República corresse perigo, esses receios* desvaneciam-se, pelo facto de estar na Presidência do Ministério um republicano como o Sr. António Graujo.

Confiamos nós — e quero acreditar que confia o país, em que a República terá em S. Ex.a uma defesa eficaz (apoiados), não aquela defesa que resulta da violência ou que resulta do suborno, mas a única de-fosa compatível com a dignidade do regime : — a defesa pelo cumprimento da lei e a defesa pela moralidade administrativa. (Muitos apoiados].

Sr. Presidente: é indispensável reconhecer a cada regime político o direito de se defender, e nós, os republicanos, nunca recusámos à monarquia esse direito; simplesmente ela nunca dele se soube servir. Contra a nossa luta pelas ideas, ela não sabia opor outra cousa que não fosse o obscurantismo, criando congregações e fechando as escolas. (Apoiados).

Foi assim que se defendeu a monarquia, mas é assim que não deve, nem pode, defender-se a República.

A defesa do regime está na afirmação de comppstências dos seus homens, está na afirmação da honorabilidade dos seus intuitos, está, sobretudo, na perfeição dos seus processos correctos. (Apoiados}.

Ponham o exército, ponham a guarda republicana, ponham a polícia, ponham as carbonárias. . .

Risos nas direitas e murmúrios no grupo popular e esquerda.

O Orador: —... ponham todos os companheiros do bem e do mal. . .

fíisos nas direitas e murmúrios no grupo popular e esquerda.

O Orador: —.. . ao serviço do Governo que não saiba ser, ao serviço de um Governo que não tenha a noção das suas responsnbilidades, nem as competências necessárias, para o desempenho das suas funções, e todas essas forças seriam destruídas ao primeiro encontro nas ruas.

Mas ponham todos os associados, todos os ambiciosos — e quando digo ambiciosos, não digo criminosos — ponham isso contra o regime, mas ponham a governar ho-

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rnens, para quem o país olhe com respeito e confiança, homens que pela sua honorabilidade particular e política sejam a própria concretização da honra nacional . . .

O Sr. João Camoesas: — É muito grave essa afirmação para os homons que acabam de sair do Governo.

O Orador: —. . . ponham homens nestas condições a governar, e, Sr, Presidente, os Ministros ainda podem cair vítimas do cabalas políticas, mas o regime— é preciso não o confundir com os Governos— o regime ficará através de todas essas lutas.

Interrupção do'Sr. João Camoesas que não foi percebida.

O Orador:—Era desnecessária a interrupção, para eu fazer essa declaração, porque a Câmara sabe que da minha boca nunca sairam palavras de lisonja para nenhum insignificante alçapremudo ao poder, como nunca sairam injúrias para ninguém, (apoiados], porque um regime de honestidade, porque um regime republi-blicano, um regime republicano que se caracteriza pela honorabilidade, confunde-se com os seus homens, consubstancia-se com os seus representantes. (Apoiados).

É necessário que o Governo — e disso ó um penhor o seu ilustre presidente,— só convença quo a República não periga, desde que a sua acção seja aquela que deve ser, aquela que todos esperam que soja, aquela que tenho a certeza que será— uma acção de homens inteligentes e honestos, ascendendo nesta hora difícil— para não dizer grave — da vida portuguesa, a assumir rcsponsabilidades de Governo.

Se assim for, as lutas políticas que seria absurdo cror que não existam dentro dum regime político, as lutas políticas que são, depois das lutas religiosas, as mais apaixonadas, hão-de concitar tempestades aqui dentro e lá fora, mas essas tempestades não comprometerão o regime, por muito violentas que sojam.