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Sessão de 26 de Julho ile 1020

Podia mais que, pelos Ministérios da Agricultura, Comércio o Finanças, me fossem enviadas as notas que eu pedi acerca da situação que actualmente ocupam os funcionários do antigo Ministério dos Abastecimentos.

Preciso dessa nota para a discussão do Orçamento.

O orador não reviu*

O Sr. Domingos Cruz : — Tendo eu apresentado uma proposta sobre a situação da Misericórdia do Porto, peço a V. Ex.a que a marque para ordem do dia, logo que for possível, atenta a sua urgência.

O Sr. Eduardo de Sousa: — Sr. Presidente : chamo a atenção de V. Ex a, da Câmara e do Sr. Ministro do Comércio para os factos' e para as considerações que passo a expor. Antes, porém, começarei por agradecer ao Sr. Ministro do Comércio o estar correspondendo assim ao convite que ontem telegr.áficamente lhe enderecei,' bem como ao Sr. Presidente do Ministério, e ainda ao nosso ilustre colega nesta Câmara, Sr. Jorge Nunes, membro do conselho de administração dos Caminhos de Ferro, pedindo--Ihes para comparecerem hoje nesta Câmara antes da ordem do dia, pois que eu desejava tratar na presença deles dum caso que ontem se passou comigo na estação dos caminhos de ferro do Rossio.

Lamento, pois,, que nem o Sr. Presidente do Ministério nem o Sr. Jorge Nunes tenham correspondido ao meu convite. Entretanto, como a presença de S. Ex.as não ó imprescindível, passarei a tratar do meu assunto, como se S. Ex.as presentes estivessem.

Sr. Presidente: o assunto a que me vou referir é de ordem pessoal, mas, apesar disso, reflecte-se no próprio prestígio da Câmara, razão porquo dele aqai decidi ocupar-mo.

Eu era depositário, Sr. Presidente, duns importantes valores que tinha de entregar a uma determinada pessoa que ontem pela manhã devia seguir no rápido para o Porto. Desejando dosemponhar-me dessa incumbência, fui ontem pela manhã à estação do Rossio, onde procurei comprar um bilhete do gare, que se recusaram a vender-me, Preguntando eu

pelo motivo de tal recusa, foi-me dito que e.ra por ordem do chefe da estação.

Vivamente contrariado, atendendo ao grave motivo especial que me levava ali, subi as escadas do edifício da estação, dirigi-me à entrada da gare e pedi, por favor, a uni dos- empregados que me deixasse entrar, porquanto tinha interesse especial e urgente em falar com uma pessoa que seguia no rápido que devia sair daí a momentos e não me.tinha sido possível comprar o respectivo bilhete de gare, o qual eu pagaria ali, se necessário fosse.

A resposta foi que havia ordem do chefe da estação para não deixar entrar ninguém. Pedi ainda a esse empregado para mandar apresentar por alguém o meu cartão de identidade, como Deputado, ao chefe da estação, a fim de ele permitir que eu entrasse na gare, sem prejuízo da importância do respectivo bilhete, que eu pagaria.

Eespondeu-me o empregado que o Sr. chefe da' estação tinha dado ordem para não deixar entrar ninguém, que não havia venda de bilhetes de gare, nem que recebia bilhetes de identidade fosse de quem fosse e para quem quer que fosse.-

Preguntei ainda, pacientemente, ao empregado onde estava o chefe da estação. Respondeu-mo abruptamente: «Está lá em cima», do que eu depreendi que o chefe da'estação ainda estava comodamente deitado no leito. Escuso de dizer à Câmara a viva contrariedade que senti e sob cujo influxo mo retirei, rangendo os dentes...

Eis a situação, Sr. Presidente, em que se vê hoje qualquer pessoa que se dirija à gare da estação do caminho do ferro do Rossio e que não encontra bilhetes de gare à venda nas bilheteiras, porque lhos não querem vender. E se essa pessoa for um Deputado da Nação de nada lhe servirá apresentar o seu bilhete de identidade, como garantia de idoneidade moral e social do apresentante.