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Sessão de 26 de Julho de 1920

que o Sr. Jorge Nunes acumulava, então, as suas funções de Ministro com as de vogal da administração dos caminhos de ferro, mas agora que já tal acumulação não existe, conveniente seria que S. Ex.a atendesse à maneira vexaute como, por parte da Companhia Portuguesa, são tratados os membros do Parlamento, desse mesmo Parlamento a que S. Ex.a pertence e do qual ó uni dos mais ilustres e cotados representantes.

Mas, Sr. Presidente, eu não reclamo neste assunto só como Deputado, reclamo íambêui em nome do público e cujos direitos têm sido ofendidos, e postergados pela companhia (Apoiados], pois esta tom obrigação, pelos seus contratos, de pôr à venda bilhetes de gare a quem deles necessite...

O Sr. Cunha Liai: — Não sei se V. Ex.a -sabe qne são muito numerosos os membros do Conselho de Administração da 'Companhia que são, ao mesmo tempo, representantes do Estado junto dela.

O Orador:—Eu tenho aqui presente a lista dos membros do Conselho de Administração da Companhia.

Entre'monárquicos conhecidos e cidadãos estrangeiros, acha-se a fina flor do íintigo Partido Uniouista . . .

(O Sr, Brito Camacho sai da sala).

O Orador: — ... O que ó lamentável é •que o Sr. Brito Camacho, leader do Partido Liberal, saia da sala neste momento.

Quere dizer, S. Ex.a não- se importa Acorri o caso, uma vez quescomo director •da Luta pode ir passear ao norte quando lhe apetecer com um passe que nessa qualidade lhe oferece a companhia, e como Deputado pode ir devanear quando lhe apraza ato o seu Alj listrei natal com o passe que nessa qualidade lhe fornece o Estado, aliás como a todos os outros mem-.'bros do Parlamento.

O Sr. Hermano de Medeiros : — Eu não -vejo que o Sr. Brito Camacho tenha al-.guma cousa com isso.

O Sr. Aboim Inglês:—V. Ex.a podia, invocando a sua qualidade de Deputado, enírar na gare e ninguém o prendia em -.vista das immnidades parlamentares„

O Orador:—Era, decerto, um conflito com o pessoal da estação e que não valia a pena travar, quando afinal eles só cumpriram as instruções que superiormente lhe haviam sido dadas.

A questão liquida-se, não com o pessoal menor da companhia, mas com o seu conselho superior de administração. Assim é que as cousas ficarão certas. . .

E a propósito, Sr. Presidente, cumpre lembrar que está ainda pendente do estudo desta Câmara um projecto de lei relativo à emigração.

O Sr. Hermano de Medeiros: — E que não ó o negócio urgente jiara que V. Ex.a pediu a palavra.

. O Orador: — E, sim, e se a Câmara me permitir que ainda fale, eu provarei que esse não é um assunto inteiramente estranho àquele de que tratei.

Vozes: — Fale, fale.

O Orador: — O projecto de lei sobre emigração, apresentado por V. Ex.a, Sr. Presidente, quando Ministro do Interior, e que foi retirado da discussão por lhe faltar o parecer da comissão respectiva, vinha prejudicar altamente as companhias de caminhos de forro, sobretudo a Companhia Portuguesa e a'da Beira, nos meses de verão, quando os espanhóis vêm de longada e de refresco até as nossas praias, sobretudo neste tempo em qne tam favónio sopra o câmbio para eles .. . Mas qual não foi o meu espanto ao ver que ainda há pouco, e pelo Ministério do Interior, tinha sido concedida autorização para os espanhóis entrarem sem passaporte no nosso País.

Ora o Estado teve tanta pressa em atender os interesses da companhia, que o que só vô. também é que a companhia não se cansa de -manifestar o mais absoluto desdém pelos representantes da Nação, como se, porventura, entendesse que para as suas conveniências bastam os representantes que ela aqui dentro acaso tem.

E mais não digo, Sr, Presidente.

Vários apartes.