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quia social em que nos vamos progressivamente afundando, e porque estou convencido de 'que em país algum do mundo se manifestaria assim um tam profundo •desprêso pelo Parlamento na pessoa de qualquer dos seus membros. (Apoiados).

Sr. Presidente: todas as pessoas que me conhecem sabem perfeitamente que •BU não sou daqueles que a propósito de -qualquer insignificância invocam a sua qualidade de Deputados da nação, fincando-se orgulhosamente nas suas imunida-íles. !

Nem a minha educação, nem tam pouco o meu próprio feitio pessoal se compadecem com 1al ridículo. E tanto assim que, como mostrei, para pretender entrar na .gare do Rossio, de modo algum me queria fazer valer da minha qualidade de Deputado da nação.

Queria ali entrar como qualquer outro indivíduo, e como tal comprando o meu bilhete de gare. Perante a negativa para a venda do bilhete e, sobretudo, perante a, insistência nessa negativa, lancei mão ílo meu bilhete de identidade como Deputado da nação, na esperança de que seria assim, porventura, melhor sucedido.

jS!em assim!

E se em qualquer parte do mundo civilizado, qualquer pessoa que pretende obter esclarecimentos dum chefe de gare •é logo recebida — e nem doutro modo .pode *er — por esse funcionário, com certeza quo, tratando-se dum representante da •nação, com razão mais forte, jamais esse funcionário se permitiria conscientemente uni acto de descortezia, não o recebendo. ' Aqui ó o que se vô, com o meu descon soíador exemplo, nesta democracia que só por actos grosseiros parece que vai ein via do afirmar-se. (Apoiados}.

Tal procedimento de desconsideração do pessoal da Companhia Portuguesa pura com os membros do Parlamento, não é todavia mais do que o reflexo da mesma falta dê cortezia e consideração que, sabidamente, o conselho de administração dos caminhos de ferro manifesta 'iias suas relações com o Parlamento, o qual parece que foi feito, no entender de tam ilustre entidade, para só legislar consoante as necessidades ou os caprichos dos ilustres personagens que o constituem.

E não se diga que eu exagero, Sr. 'Presidente, pois que, como V. Ex.a mes-

Diàrio da Câmara dos Deputados

mo o declaroa não há muito tempo, o conselho de administração dos caminhos de ferro ainda nem sequer se dignou responder ao ofício que V. Ex.a lhe enviou relativamente ao cumprimento da disposição legal que lhe impõe a concessão especial de passes nas suas linhas aos membros do Parlamento.

A lei das sobretaxas beneficiando a companhia com a elevação das suas tarifas, o que equivale a ma alteração no seu contrato com o Estado, subordinou-a, como, aliás, a todas as outras companhias de transportes marítimos ou terrestres à obrigação de dar passagem gratuita aos membros do Parlamento, nos- termos de uma lei anterior qne aqui e no Senado foi votada.

Ora, Sr. Presidente, se a companhia não respeita o que está estipulado numa lei que lhe importa, isso não impede que eu me considere, como Deputado da nação, no direito de entrar em qualquer das gares da companhia sobretudo quando não põe à venda bilhetes de gare, como lhe irnpOe o seu contrato com o Estado.

Eu tenho o direito, como Deputado, de p.ntrar nessas gares; a companhia não uiu pode impedir e se o fizer procede contrariamente às disposições da lei.

Eu lamento profundamente este facto que comigo se passou, não somente pelo que ele pessoalmente me diz respeito, mas sobretudo pelo desrespeito e gravame que elo traduz para com o Parlamento.