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Diário da Câmara dos Deputados

Não, Sr. Presidente, não podemos pensar que vamos aumentar a circulação fiduciária em 200:000 contos, o que havemos de continuar com os mesmos processos administrativos.

Nem. mais uma hora, Sr. Presidente, poderá continuar osso triste espectáculo de as comissões estarem seis c sete meses sem dar parecer sobre propostas que são aqui apresentadas.

Eu, Sr. Presidente, peço apenas urgência para estas propostas que considero importantíssimas para a vida da Nação e, assim, desejaria que, dentro do dez dias, a comissão de finanças apresentasse o seu parecer, a fim de elas poderem entrar imediatamente em discussão.

Repito: torna-se absolutamente necessário mudar de princípios" e de rumo; é preciso trabalhar e trabalhar muito para bem da Pátria e da República.

Estou plenamente convencido-de que assim se fará, pois, se assim não fosse, abandonaria imediatamente Gsto lugar, entregando-o a outro que o quisesse nessas condições. (Muitos apoiados).

Estamos, Sr. Presidente, conforme já tive ocasião de dizer à Câmara, em presença dum déficit assustador, o qual deve andar por uns 300:000 contos, com tendência para subir e não para diminuir.

É preciso, pois, que todos compreendam que chegou a hora de cada um pagar ao Estado conforme os seus rendimentos.

O Estado vai mudar de processos, o Estado vai moralizar-se; mas essa mudança há-de realizar-se simultaneamente com o aumento de receitas, porque não podemos esperar mais, porque é preciso exigir sacrifícios a todos, desdejá. (Apoiados).

As condições de vida económica do país são desastrosas, correm parelhas com as péssimas condições financeiras do Estado»

O ouro proveniente da exportação emigra criminosamente do país.

Há portugueses que transferem os seus capitais, procedendo dessa forma como descendentes de Miguel do Vasconcelos. (Apoiados).

Apelei para o patriotismo de todas as classes, falando-lhes a linguagem da verdade, dizendo-lhes que -reflectissem, que. •pensassem que o Estado está à beira da falência. Expliquei-lhes o sentido da pala-

vra cualência». Disse-lhes qne a falência espera toda a gente, quando essa gente não sabe administrar-se. E dizer isto não é agitar um espantalho à face do Estado, ou à face da Nação, que não sabe trabalhar ou administrar.

Eis porque não tenho dúvida, do alto desta bancada, em dizer que a falência espera o Estado imprevidente que em cinco anos de guerra não soube criar receita, para fazer face càs despesas novas. (Apoiados).

E direi que a falência espera um povo que depois de eximir-se por todos os processos ao pagamento dos impostos, para salvaguardar os seus interesses ainda pretendo transferir, depositar lá fora os seus' capitais, decretando assim não só a falência do Estado como de toda a nação.

Há tempo correu na praça do Lisboa que o câmbio ia baixar e que era preciso que todos adquirissem libras e transferissem o dinheiro lá para fora. Tive ocasião do reter um documento duma casa "bancária, em que se anunciava essa tal baixa do câmbios, pedindo para tomar providências no sentido de acautelar os seus interesses.

E preciso notar que nem todos os portugueses se querem eximir ao pagamento dos sacrifícios.

Emquanto tiver vida, aqui dentro e lá fora, direi a todos os que venham proclamar que se moralize primeiro o Estado, ã administração pública, e depois só venha pedir dinheiro, que isso é um subterfúgio para se eximirem ao pagamento do quo à nação é devido, (Apoiados} hei--de dizer-lhes que os desmandos na administração pública acabaram e que todos têm de pagar.

E não vamos nós também demorar a discussão destas propostas, procurando impedir que se pague o que ao Estado ó devido.

Posso apenas dizer números aproximados, por isso que é verdadeiramente caótica a administração do Estado.

Assim, direi quô anda por cerca de 300:000 contos o nosso déficit, com tendências para subir e não para baixar.

Não esperem Y. Ex.as que eu faça o re dey num momOnto, arrumar esse caos.