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Diário da Câmara dos Deputados

mória desta individualidade que ao serviço da causa da democracia pôs todo o seu esforço, ligando a sua vida culta aos imortais princípios à sombra dos quais muitos conquistaram a carta de alforria de que gozam hoje.

O Sr. José do Arriaga pertenceu a uma família das mais nobres e antigas tradições genealógicas da Europa.

Pois, apesar disso, soube heroicamente romper com preconceitos e privilégios, vindo para o lado dos que representavam o trabalho, servindo a Pátria e a democracia, sem alarido, sem atropelar ninguém. E, porque assim é, creio que o preito do homenagem proposto à sua honrada memória é bem merecido e só dignifica o Congresso da República.

O discurso será publicado na integra, remato pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. João Camoesas: — Em nome do Partido Republicano Português associo--me ao voto de sentimento proposto por V. Ex.a pela morte do avô do nosso camarada José Varela.

Propôs também V. Ex.a um voto de sentimento por um homem ilustre que durante toda a sua vida mostrou o seu amor à liberdade, honrando o seu nome. igualmente me associo a esse voto do sentimento.

O orador não reviu.

O Sr. Ladislau Batalha: — Em nome da minoria sociíilista, associo-me ao voto do sentimento pela falecida mãe do Sr. António Varela, e também ao voto do sentimento pela perda do Sr. José do Arriaga.

Acôrca deste ilustre publicista tenho de dizer alguma cousa.

O Sr. José de Arriaga possuía vários méritos que o tornavam notável na sociedade portuguesa, e até fora dela. Era irmão do Sr. Manuel do Arriaga,, que realmente soube honrar a República durante o tempo quo exerceu o seu mandato, como Chefe do Estado. E isto tampem constitui um título à nossa veneração.

Escreveu várias obras, em cujo número se conta a História da Revolução de Setembro.

Acerca desta há um caso importante

que aqui merece menção, embora se não trato dum verdadeiro primor de arte ou de letras, mas antes dum precioso c incs-tinável repositório do documentação.

A História da Revolução de /Setembro esteve para'ser impressa no estrangeiro e por estrangeiros, corno o extinto José de Arriaga narra no prefácio do seu próprio livro, porque em Portugal não houve editor que quisesse abalançar-se àquela impressão.

Foi possível remover as dificuldades que se antolhavam, e o livro foi editado em Portugal, cuja bibliografia veio enriquecer.

Importa também considerar um outro facto não menos notório. Tanto Manuel de Arriaga como seu irmão José de Arriaga pertenciam a uma farailia de nobres, claramente definida na sua genealogia, graças aos livros do linhagens, cuja formação se tornou possível em virtude da consolidação do poder real em longa preparação e levada a cabo em tempos de D. João II.

Nós, como republicanos e socialistas, não nos preocupamos com questões de genealogia, mas, sob o ponto do vista étnico, tem muita importância o aspecto oferecido pela nobre família dos Arria-gas.

S. Ex.as descendem directamente dos, antigos reis godos; a sua linhagem conhecida vai muito para além da fundação da monarquia.

Na sua árvore genealógica, o tronco a que pertenceram os Srs. José de Arriaga o Manuel de Arriaga nunca foi mesclado de sangue de indivíduos biològicamente inferiores.

A família Arriaga conseguiu atravessar os séculos xv o xvi, íicando livro de misturas com seres das.raças inferiores que então enxameavam Portugal, vindas do todos os recantos do mundo.

Por consequência, como ÊQ vê, pode ter valor a genealogia quando serve, como instrumento de elucidação, a demonstrar as determinantes da superioridade ou inferioridade duma lignée humana.