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Diário da Câmara dot Deputados

lavras do Sr. António Granjo proferidas no Parlamento, e, cousa curiosa, essa criatura foi absolvida pelos tribunais!.. .

Como dizia, porém, novas contrariedades surgiram sobre mim, porque vinha dum lado a Sociedade Portuguesa Importadora, e do outro a casa inglesa e ainda outras pessoas que tinham carregamentos, e não me largavam para lhes dar uma resolução. E tam aborrecido andava que, encontrando o Sr. Mesquita Carvalho, lhe declarei que tencionava abandonar o Poder. S. Ex.a respondeu-me que isso não podia ser, e então contei-lhe a história. Resolvemos, depois, procurar o Sr. Presidente do Ministério e com S. Ex.S achámos uma fórmula para resolver o assunto.

Quisemo-la trazer para o Parlamento, mas este estava fechado, e então levou-se o caso para a Procuradoria Geral da República.

Devo salientar que foi também consultado o Conselho Superior de Finanças.

Tendo a Procuradoria dado parecer favorável para a aceitação dos contratos, começaram novamente a aparecer os interessados no meu Gabinete, e eu a conversar com eles, mas. sem chegar a nenhuma conclusão; conversava, apenas, sobre a forma de melhorar e prolongar o pagamento.

Estas cousas foram-se prolongando até que houve uma reunião dos leaders parlamentares, à saída da qual o Sr. Presidente do Ministério disse para o Sr.,Cunha Leal:—você anda a quebrar lanças pelos contratos e o.António Granjo disse-me que se os interesses do Estado exigissem que se não cumprissem os contratos, ele não hesitaria em os não cumprir, tanto mais que os não achava perfeitos. Sabedor desta conversa, pedi ao Sr. Presidente do Ministério que me mandasse um ofício com as declarações do Sr. António Granjo, pois desde que ele assim falava eu não queria ser mais pa-pista que o papa. Veio esse ofício, e eu disse aos delegados das casas fornecedoras, quando insistiram comigo sobre a compra dos carregamentos, que estava tolhido para dar uma resposta, pois que estava á espera duma reunião do Ministério, em que se iria ventilar a crise, e eu não queria tomar a responsabilidade duma resolução nessas condições.

O Sr. Liberato Pinto: —V. Ex.a dá-me

licença ? "'

O Conselho de Ministros, mesmo, tinha resolvido, claramente, que sendo os contratos para o trigo a seiscentos e tal xelins, e sendo o preço do rne>rcado o de quatrocentos, o Conselho dei Ministros não tomava a responsabilidade de manter esses contratos.

O Orador: -r- O meu argumento era este : os contratos estavam feito» como dantes se faziam. Era sempre o mesmo processo.

Ou por esta forma ou por outra qualquer, a verdade era que, em Conselho'de Ministros, o único que lesava os seus interesses era eu.

Agora temos uma parte interessante. Isto parece uma fita de animatógrafo em várias jornadas.

Enviei diversas reclamações dos interessados para a Direcção Gersl da Fazenda Pública, acompanhadas de um ofício.

Chamei o Sr. Bento Mantua ao meu Gabinete, que me disse quais os créditos que tinham sido abertos.

O Sr. Liberato Pinto: — Para tratar desse, assunto, retini no meu Gabinete o Ministro da Agricultura e o Director Geral, a fim de ouvirem os reclamantes.

O Orador:.—V. Ex.as vão ver este final de acto que é realmente muito curioso.

Em 6 de Janeiro recebi da comissão importadora de trigos, cujo presidente ó o Director Geral do Comércio Agrícola, um ofício que me indignou.

Não podia compreender que* o presidente da comissão me enviasse tal ofício, quando ele próprio tinha conhecimento dos créditos abertos, os quais, bem ou mal, foram feitos por intermédio dele.

O que parece, Sr. Presidente, é que havia o desejo de envolver o Ministro da Agricultura no assunto, isto é atribuir-lhe responsabilidade desses créditos abertos a favor de carregamentos mais caros contra carregamentos mais baratos.