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Sessão de 10 e 11 de Março de 1921

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Tudo isto tem tido uma consequência lógica.

Contra a corrente moderna que quere manter-se não haverá força. Não poderá" existir a felicidade nas sociedades humanas emquanto se não realizar a igualdade social, emquanto o mundo se não emancipar.

Mas este esfacelamento a dentro dos partidos republicanos tem. apenas o valor de lutas em família, tal qual as lutas que se continuam dando nesta guerra de capitalistas, como foi a de 1914.

Não sei bem, permitam-me V. Ex.as que diga, qual a orientação de V. Ex.as sobre a apreciação dos factos a que estamos assistindo.

Nós, por estarmos dentro da sociedade e colaborarmos nos factos que se vão dando, não os compreendemos bem; e é por isso que coutiuuamos a compreender melhor os fenómenos astronómicos fora de nós, que propriamente o que se passa aqui no mundo. •

As perturbações da Idade Média não as compreenderam os que estavam dentro delas.

Pois dovemos-lhes o estarmos aqui a esta hora.

Todas estas revoluções sociais são o caminho para as novas organizações-do futuro. .

Se eu tivesse de sair do Partido Sócia lista, nem por isso iria para outro. Quando muito, formaria um agrupamento aparte com os partidários dos meus ideais e que quisessem acompanhar-me.

Quanto mais desgostos suporto, mais amo a igualdade; e os desgostos não tem o dom de prejudicar á essência dos meus ideais de felicidade humana.

O que tenho exposto, como Y. Ex.as vêem, constitui uma apreciação geral dos fenómenos que se passam.

Tenho uma absoluta confiança em V. Ex.a e nos homens que o acompanham, ernquanto não os vejo prevaricar. Aliás, seria antecipar apreciações injustas.

V. Ex.a assumiu o Poder numas condições difíceis, mas, enfim, V. Ex.a felizmente já tem provado pelo seu passado saber enveredar por processos adequados, para arcar com. as causas. O essencial é que o meio lho permita e V. Ex.a persista.

Entendo que V. Ex.a, fazendo o seu Governo, pode e deve neste momento,

em que tanta sede há de justiça, em que se carece de tanta ostentação de patriotismo, opor uma resistência vitoriosa contra a guerra insidiosa de inimigos da República, Y. Ex.a pode e deve, com os olhos na história, proceder em harmonia com as necessidades do momento.

Mais uma observação farei antes de terminar.

Entre- nós ó costume lamentar os homens de letras que caíram na miséria, como há pouco se fez a propósito de Gomes Leal.

Sr. Presidente do Ministério, quando foi aqui comemorada a revolução de 1820, invocámos o nome glorioso de Fernandes Tomás. Tive ocasião de lazer uma pequena indicação a propósito do assunto, lembrando que Fernandes Tomás foi grande, mas que, como sucede com todos os homens grandes, teve atrás de si outros homens, espécie de Mecenas da política, que não transitaram para a história, embora tenham sido exactamente os inspiradores dos grandes feitos.

Aconteceu isto com Fernandes Tomás.

Outro nome houve de valor —Xavier de Araújo — que foi a alma inspiradora de Fernandes Tomás.

Fez-se aqui a comemoração de 1820, mas esqueceu ô nome de Xavier de Araújo, como o do seu neto, que por aí transita ao abandono, embora só deseje trabalhar, produzir e ser útil.

O Sr. Presidente:—Peço a V. Ex.a para se cingir ao assunto em debate.

O Orador: — Eu termino .j á, Sr. Presidente, visto que me falta apenas fazer um pedido ao Sr. Presidente do Ministério, pedido idêntico àquele que eu já fizera ao Sr. Presidente do Ministério transacto e ~que consiste em dar ao neto de Xavier de Araújo um logar onde ele possa honradamente ganhar a vida. A República dignificar-se-ia tirando da miséria o neto duma figura ilustre da nossa história.

Tenho dito.