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Diário da Câmara dos Deputados

apenas um homem desconsolado por ver passar tantas caravanas ministeriais desordenadas pela falta dum condutor idóneo e seguro...

O meu desejo é só louvar e aplaudir. Não será minha a culpa se o Governo não corresponder a esse desejo.,

Tenho dito, Sr. Presidente.

O Sr. Manuel Fragoso (para um requerimento):— Eequeiro que a sessão seja prorrogada até que se conclua o debate político sobre a apresentação do Ministério.

Consultada a Câmara, foi aprovado o requerimento.

O Sr. Augusto Dias da Silva: — Sr. Presidente : se não fosse o projecto de amnistia que em nome da minoria socialista vou ter a honra de mandar para a Mesa, decerto que desistiria de usar da palavra, porquanto o debate político vai já muito prolongado.

NEo vou, por consequência, desdobrar 'considerações a propósito do que a minoria socialista entendeu exigir do Governo para o apoiar, visto que o Governo por certo entendeu ]á bem qual será a forma de se conduzir para obter de nós uma es-pectativa benévola; e essa forma será a de não abusar da sua autoridade, mantendo a força pública ao serviço de empresas industriais, como está sucedendo agora com as empresas jornalísticas. Além disso, a minoria socialista quere que acabe por uma vez o que está sucedendo no Barreiro contra os operários~ferroviários do Sal e Sueste. (Apoiados).

Por isso, estou convencido de que o Sr. Presidente do Ministério sabo bem que o caminho qne a minoria socialista vai traçar será consequência do caminho que o Governo seguir em relação ao pessoal do Caminho de Ferro do Sul P Sueste, e em relação ao pessoal das empresas jornalísticas.

Todavia, antes de apresentar o projecto de amnistia, tenho do fazer algumas considerações a propósito da organização do actual Governo. Dessa organização, quatro conclusões.há a tirar.

A primeira conclusão diz respeito à força partidária quo este Governo sintetiza. De far.to, foi só hoje quo o Partido Republicano Português conseguiu uma

completa unidade de vistas, o, portanto, a justa posse do Poder. E é muito interessante e curiosa, e talvez que deva servir de ensinamento aos outros partidos, a forma moderna como esse partido se conseguiu agregar e colocar no Poder. Pela primeira vez, talvez, o Partido Republicano Português entendeu acabar com esta mania que têm quási todos os partidos, de se acharem aptos a governar em todas as pastas, e assim esse partido entendeu por bem dividir-se em secções: a secção A. M. S., destinada a questões de ordem financeira, colonial e de sanidade pública; a secção Á. C-, destinada a questões militares e de justiça; e a secção D. P. destinada a questões internacionais e por ve-zesr a questões de instrução.

É este realmente, Sr. Presidente, um dos pontos melhores deste Governo.

O segundo ponto, Sr. Presidente, é também bom, pois, que revela a crganização de um Governo constituído pela elite da maioria desta Camará e assim eu direi que é um Governo que dá a todos os republicanos a certeza de um b3m critério governativo, pois que dele fazem parte as maiores capacidades do Partido Republicano Português.

Q terceiro ponto, Sr. Presidente, é lastimável, qual é o que diz respeito à ligação no Governo do Sr» António Maria da Silva com os Srs. Álvaro de Castro e Domingos Pereira.

Eu vou, Sr. Presidente, explicar à Câmara o que lá fora se diz, o que aliás não dignifica nada a República.

Diz-se, Sr. Presidente, em todos os cafés, nos carros, isto é, em todo:? os pontos de cavaco, que a organização deste Ministério representa uma verdadeira comédia, pois quo não é crível que os Srs. Álvaro de Castro e Domingos Pereira possam estar de mãos dadas com ò Sr. António Maria da Silva.

São estos, Sr. Presidente, os reparos que lá fora se fazem e a que dão o nome de comédia.

Isto, Sr. Prosidonte, é um tremendo mal para a República, pois é o juízo que o povo faz dôsto (íovêrno.