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Sessão de 10 e 11 de Março de 1921

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silo aqueles que se sentam naquelas cadeiras, digam semelhante cousa.

E preciso transformar a indústria, e nesta Câmara existe há perto de dois anos um projecto, que por mim foi apresentado, tendente à sua nacionalização, mas até hoje ainda este Parlamento não se quis ocupar dele, nem com ele se tem importado.

O Sr. António Granjo (interrompendo):— Tal como V. Ex.a

O Orador: — Eu tenho todos os dias instado com o seu relator, mas não há forma, e ó necessário agir com energia, para que se não v.á atribuir ao bolche-vismo e à desordem a queda da nacionalidade.

Sr. Presidente: o projecto que apresentei é uma base para a nacionalização e nele. se diz que é urgente a criação do monopólio da indústria do fabrico, para evitar que ela esteja nas mãos de meia dúzia de pessoas que não a fazem ou não saibam fazer progredir. Sem isto não há possibilidade de se fazer cousa alguma, o parece-me ser já tempo da Eepública encarar de frente Q problema da produção.

O que preocupa quási todos os estadistas são as oito horas de trabalho, no nosso país, mas o que devia preocupar os nossos estadistas era a maneira de trabalhar dos nossos operários nas nossas indústrias, porque, trabalhando-se manualmente, as nossas indústrias não podem acompanhar os progressos das indústrias dos outros países.

No programa governamental também se fazem referências à nossa instrução. Diz:se na declaração governamental que o Governo pensa em mandar estudantes ao estrangeiro para que, quando voltarem ao país, com o que lá fora aprenderem, estabelecerem uma nora ordem do cousas.

Com o Bestado em que se encontram as nossas indústrias é um tempo que se vai perder, não se aproveitando também as desposas que se vão fazer.

Esses estudantes irão lá fora aprender muito é certo, mas para quê?

Será u TH esforço inútil se não procurarmos por qualquer modo desenvolver as nossas fábricas e indústrias.

Mas os Srs. Ministros não pensam

nisso, porque em geral não têm a prática industrial, e faltam-lhe as noções especiais destes assuntos.

Os Srs. Ministros são quási todos advogados o só se dedicam a tratar de questões de tricas de direito e nenhum pensa em indústrias, desconhecendo as suas ne- -cessidades.

Apartes.

A América forneceu aos aliados uns determinados milhões de dólares que vários países receberam para as suas necessidades.

Portugal, que necessitava bastante, porque as suas indústrias nada têm, não foi possível receber cousa alguma porquê nas cadeiras do Poder não estão nunca homens quo se preocupem com os assuntos que se prendem com as nossas indústrias.

Apartes.

Na verdade, eu já estive no Governo e quando lá estivo trabalhei de acordo com as indústrias. Alguma cousa consegui fazer a seu favor, mas, em geral, os Ministros que passam pelo Governo nada fazem porque não têm prestígio para poder fazer alguma cousa, quando não seja ao lado do Sr. Liberato Pinto.

Apartes. \

O Sr. Liberato Pinto (interrompendo}'.— Ainda espero ver V. Ex.a a meu lado. Apartes.

O Orador: — Quando for da Guarda Vermelha, estarei ao lado de S. Ex,a

Jipqrtes.

A minoria socialista entende que todos os Partidos não têm servido bem a República.

Apartes.

Necessitamos duma política económica, e, infelizmente para Portugal, até hoje não só tem feito essa política,

Agora que está no poder um Governo da extrema esquerda, vou chamar a atenção do Sr. Presidente do Ministério para a monstruosidade que representa o Tribunal de Defesa Social. Quero mesmo recordar, aqui, que no tempo do Governo presidido pelo Sr. António Granjo, chefe dum partido conservador, esse Tribunal deixou de funcionar.