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Sessão de 10 e Í l de Março de 1921

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E quando digo novos não quero, evidentemente, reíerir-me ao facto de os muitos homens públicos que têm passado pelas cadeiras do poder adoptarem ou não esses princípios, mas simplesmente ao facto de a eles aludir num'programa de Governo.

Assim, o Governo da presidência do Sr. Bernardino Machado trata, no ^seu programa, de duas questões da mais alta importância, a cuja resolução se torna neces-ário chamar todos os valores da raça portuguesa: uma respeita ao régio-, nalismo, outra aos núcleos de portugueses no estrangeiro.

Não era de esperar outia cousa. O Sr. Bernardino Machado não é só nma alta figura da Eepública, é também uma alta figura da Nação. Exactamente por isso, e também pelo facto de, durante a sua vida pública, se ter dedicado largamente aos problemas vitais da nacionali-.dade, e porque foi Embaixador no Brasil, não admira que se lembre de que Portugal não está confinado absolutamente nos limites das fronteiras, que pense que lá fora há portugueses que lutam, que têm- direito a colaborar na vida nacional. E pena, porém, que o Governo, que com tanta ternura fala dos núcleos de portugueses no estrangeiro, não faça referência, no programa ministerial, à necessidade duma repartição, sem aumento de despesa, para tratar dos interesses dos emigrantes portugueses no estrangeiro.

Há absoluta necessidade de que se crie no Ministério dos Estrangeiros essa repartição, e estou' certo de que S. Ex.a não sairá do Governo sem ter, pelo menos, elaborado as bases para criar essa repartição.

Um ponto há que lastimo que tam vagamente seja tratado na declaração ministerial e é o que se refere aos acordos comerciais a realizar.

Tam vagas são as referências a este assunto que chegará a supor, quem não conheça os trabalhos do Sr. Benardino Machado, que mais uma vez vai ficar só em palavras.

S. Ex.a, em harmonia com anteriores compromissos que tomou durante todo o tempo da República, e- que tanto quere aos verdadeiros interesses nacionais; não deixará passar esta oportunidade sem verdadeiramente procurar estudar e re-

solver o problema capital, importantíssimo, que é o das exportações. (Apoiados).

Falamos muitas vezes a cada passo, no problema económico financeiro, mas esse problema neste momento restringe-Lse somente a um: o aumento da exportação. Mais nada.

Tudo o mais está na nossa mão poder fazê-lo. O aumento de exportação contribuirá para o aumento de receitas.

Principalmente é necessário a nossa exportação de vinhos licorosos, do Porto e da Madeira. Tratarei, na devida oportunidade, do problema dos vinhos da Madeira. Cumprè-me agora tratar do problema dos vinhos do Porto.

Não me move nerhuma espécie de interesses particulares» "lesta campanha; unicamente me prend^ aos meus compromissos tomados o pr j'.iípio patriótico de obrigar o País a ir Cessar-se pelos seus problemas; vitai? e nenhum tam importante como o da r aã /xportação. •

Quando, aá r /ais de um ano, se iniciaram no Minist:rio bs Negócios Estrangeiros as negociações para o Tratado de Comércio com a França, não era ainda o momento agudo da crise vinícola e, portanto, se o Governo procurou empregar alguns esforços para resolver esse assunto, e honra seja feita ao Sr. 'Melo Barreto que tam cuidadosamente dele tratou, o que é certo é que as classes interessadas ainda não tinham a percepção nítida e perfeita da gravidade do problema.

A exportação paralisou £ e sabe V. Ex.a e sabe a Câmara a importância da paralisação da exportação? Bastará dizer que no Douro existem para cima de duzentas mil pipas de vinho licoroso, o que em ouro representa perto de seis milhões de libras.

Se os meus -argumentos não podem convencer a Câmara, bastara a eloquência destes números para que o Parlamento e o Governo cuidem, como é mester, de tam importante problema.