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Diário da Câmara aos Deputado*

que o Governo tem de intervir no conflito para afastar das tipografias dos jornais os tipógrafos militares.

Disse o Sr. Liberato Pinto, e muito bem, que nem mais um tipógrafo militar foi fornecido além dos que no Jornal estavam trabalhando desde o primeiro dia. De facto, nem mais um mandou o Governo trabalhar desde que saíram quatro diários. E, se o Governo, ponderando e muito bem a função importantíssima que representa a imprensa, interveio oportunamente para que se pudesse manifestar uma opinião que se achava coacta, a opinião conservadora do País, não me referindo, evidentemente, à opinião monárquica, porque conservadora é toda a opinião que representa a sociedade organizada, se isso sucedeu e as empresas que resolveram publicar o Jornal em determinado momento supuseram que era oportuno publicar quatro diários em vez de um, eu pregunto onde está o crime do Sr. Liberato Pinto. Tenho a certeza absoluta de que a Câmara reconhece que não houve nenhum crime, nem sequer nenhum erro da parte de S. Ex.a

Um outro aspecto que importa tratar aqui é o que se refere à chamada defesa, do regime.

Eu já disse que nenhuma antipatia me move contra o pessoal dos jornais err. greve.

Tenho tido deles as maiores provas de cortesia no que se refere à minha pessoa, . mas é necessário não confundir as questões^ questões desta importância convém que^ sejam .esclarecidas. Apartes.

Que os Srs. Deputados, socialistas defendam as classes trabalhadoras, compreende-se por princípio, mas da má situação e organização das classes trabalhadoras não são os Deputados socialistas os maiores ^culpados. Apartes.

Eu devo dizer que o assunto da defesa do regime foi muito infelizmente trazido a esta Câmara e pregunto se há direito de acusar jornais das empresas quando os jornaes grevistas estão fazendo o mesmo que os jornaes das empresas. Apartes.

,;0s jornais entregues à direcção do Sr. Campos Lima, meu antigo camarada na imprensa, e Alexandre Vieira, umas

das primeiras figuras da imprensa avançada, não estariam bem entregues nesta hora ?

Apartes.

Eu afirmo bem alto que hão há direito de confundir as questões. A questão económica pode ser solucionada entre os interessados. A questão política e social tem de ser resolvida pelo Governo, man-tendo-se o ponto de vista do Sr. Liberato Pinto.

Apartes. -

Prezo muito os melindres da consciência republicana e prezo por nunca ter sido outra cousa senão republicano.

Os jornais grevistas ou sãc da extrema esquerda.ou da extrema direita; não há meios termos.

Toados sabemos quem dirige o jornal dos grevistas. E um elemento avançado na sociedade portuguesa, fazendo parte da C. G. T.

,; Serão esses jornais que se-publicam defensores do regime?

Apartes.

Assim, pregunto ao Sr. Augusto Dias da Silva se o jornal O Tempo, o Diário da Tarde e a Restauração são jornais que defendam o regime.

Não são, Sr. Presidente.

Não, Sr. Presidente, o argumento dos melindres da defesa republicana não tem de entrar nesta Câmara, porque acima da defesa da República está a defesa da sociedade orgânica.

O Sr. António Granjo: — A própria defesa da sociedade organizada é a defesa da República.

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O Orador:—E,, acima de todos os melindres, está evidentemente o problema da liberdade de pensamento, que é necessário que todos acatem tal como ele é. (Apoiados). E essa liberdade manda que todas as opiniões se manifestem, sendo, contudo, os excessos castigados e para isso lá está o Sr. Ministro do Interior.