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Sessão de 10 e 11 de Marco de 1921

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bate tivessem produzido as suas'considerações por forma análoga à usada por aquele Sr. Deputado, eu não encontraria cabimento para as considerações que vou apresentar.

Sr. Presidente: no decurso deste debate alguns Srs. Deputados, em nomo dos seus Partidos, produziram afirmações que eu entendo não dever deixar passar sem me referir a elas. Faço-o em meu nome pessoal, visto não ter categoria para falar em nome dos meus correligionários. (Afào apoiados).

Todavia, terei todo o prazer se vir que tenho o seu aplauso.

Tendo, como político, responsabilidade» grandes nos destinos do meu país. devo declarar que só'quero para mim as que de facto me pertencem; não quero aquelas que de forma nenhuma me podem pertencer.

A longa crise ministerial de três semanas teve uma solução que, como disse o Sr. \7"itorino Guimarães, não é aquela que o Partido Republicano Português preconizava desde a primeira hera. Em todo o caso, querendo o meu Partido mostrar mais uma vez ao país a sua abnegação, e quo acima de tudo põe os interesses da Pátria e da República, sujeitou-se à solução ministerial que se apresenta e que eu apoio por reconhecer que neste momento é necessário, como bem disse o Sr. Nuno Simões,, ter um Governo, e não porque concorde com a forma como o Ministério foi constituído.

• Não vou, Sr. Presidente, fazer referências ao passado brilhante do Sr. Presidente do Ministério, ao 'qual já vários oradores aludiram, mas quero salientar a minha opinião pessoal e assim direi que é com a maior alegria que vejo o Sr. Ber-nardino Machado à frente do actual Governo. Já vou dizer a razão porque assim é.

Se, porventura, em alguma ocasião eu não concordei em que S. Ex.a fosse incumbido dessa alta missão, neste momento entendo que o Sr. Bernardino Machado, pelo seu passado e polo seu prestígio, é, de facto, a figura melhor indicada para presidir ao Governo do país. £ Porquê?

Eu digo porquê.-

Neste momento, os aliados estão a reconhecer que a quebra daquela coesão, que tiveram durante a guerra e que os

levou à vitória, coesão infelizmente quási rota desde os preliminares cio armistício, permitiu à Alemanha seguir uma orientação tal que em toda a parte do mundo se está reconhecendo como a vitória dos aliados se encontra abalada.

Todos sabemos que foi devido a essas divergências que a Alemanha soube explorar, que ainda há pouco Simons se permitiu ter uma atitude arrogante para com os aliados o que obrigou Lloyd George a pronunciar-se da forma que todo^ conhecemos.

E por isso que, neste momento, os aliados estão a reconhecer que aquela coesão que se manteve'durante a guerra é indispensável que se mantenha durante a paz, para que a paz seja duradoura e para que a Alemanha dê às diferentes nações que entraram na guerra aquelas reparações a que têm direito pelos sacrifícios feitos.

A figura do Sr. Bernardino Machado à frente do Governo da Nação Portuguesa garante aos aliados que estamos unidos com eles na paz como estivemos durante a guerra.

1 Não vou agora discutir qual a política internacional futura, que pela minha pouca prática nesse assunto poderia arriscar qualquer palavra menos conveniente à orientação a seguir sobre a participação de Portugal no concerto internacional; isso pertence a outras pessoas que, pela ,sua prática, pela sua cultura, poderão e devem neste momento marcar qual o caminho que Portugal deve seguir, e ainda sob este ponto de vista é S. Ex.a o Sr. Bernardino Machado quem, a meu ver, mais será capaz de indicar o caminho mais conveniente para os destinos de-Portugal.

Quero neste momento recordar, olhando para o Sr. Bernardino Machado, aquela tarde em que S. Ex.a, ao lado de Poin-caré, passou revista a infantaria n.° 34. Recordo-me bem dessa bela tarde em que eu. como português, lá longe, senti com comoção rolarem-me duas lágrimas pelas faces vendo o Chefe da Nação Portuguesa ao lado do Chefe da Nação Francesa.