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Diário da Câmara do*

lembro-mo bem como sonhei nesse momento como seria feliz se um dia o Chefe da minha Nação mo colocasse também ao peito uma dessas condecorações que, de v o acrescentar, nesse momento ainda eram moeda forte.

Creio bem que a Câmara me perdoará o estar a roubar-lhe tanto tempo, mas procuro apenas manifestar os meus sentimentos sinceros e deíinir perante o país as razões por que, pela minha parte, dou ao Sr. Bornardino Machado e ao seu Governo aquele apoio de que tanto carecem. Permita-me, no emtanto, S. Ex.a que eu aprecie a fornia como o Governo está constituído.

É necessário que o Sr. Presidente do Ministério se aguente firme ao leme dessa barcaça e que a saiba desde ôste momento cuidadosamente inspeccionar, A barcaça governativa que se nos apresenta agora guiada pela mão forte do Sr. Ber-nardlio Machado, não obstante ter estado ires semanas nos estaleiros, pareceu-me ter os mesmos rombos, as mesmas falhas, por onde neste momento, porventura, já estará metendo água. Mas, Sr. Presidente do Ministério, não abandone V. Ex.3 o leme e, se acaso reconhecer que algumas pranchas precisam ser substituídas, substitua-as a tempo, mas não deixe que a barcaça se encha de água e tenha de ir para o fundo com V. Ex.a

Durante este debate tem-se feito ao Partido Republicano Português, a que cada vez mais mo honro de pertencer, apreciações que me desgostam e são injustas.

E talvez duro o que vou dizer, mas mal me não fica expor o que entendo ser a verdade. Colocar-me hei dentro da alma dêsto bom. povo português, tam simplista, mas tam vidente dos acontecimentos da nossa vida nacional, para assim definir o meu pensamento sobre a forma coino foi constituído o novo Governo. Disse-se já nesta Câmara, e direi que o ilustre leader do Partido Liberal em especial se referiu ao assunto, que estava reconstituído o velho Partido Republicano Português.

Trocam-se vários apartes.

O Orador : — Tenbo pena e pena sincera. d3 quo não seja possível r?constitnir-se essa giaudj força que foi sam dúvida a

maior força da República, e que, com o. velho Partido Evolucionista e o velha Partido Unionista, tanto contribuiu para que durante estos dez anos de vida. atribulada, as instituições republicanas tivessem resistido aos ataques dos sens inimigos.

Mas, Sr. Presidente, doa a quem doer aqui declaro que, tendo assistido a lutas internas do meu Partido, b€'.m se pode afirmar quo estas nunca se deram por divergência de princípios mas por questões de homens.

'Peço aos meus correligionários que me digam se não foram as divergências de carácter pessoal, entre as figuras mais brilhantes do meu Partido, que deram origem às divisões, se não foi isto que levou à divisllo dessa grande força partidária. (Apoiados).

O Sr. Sá Cardoso: — Declaro que não foi por divergência pessoal que saí do Partido Republicano Português. Militei aí muitos anos e aí encontrei as melhores amizades que desejo conservar.

Saí apenas por divergência de princípios. Nada mais.

Uma voz: — i Por divergência de princípios?

O Sr. Sá Cardoso: —Talv» z me não rx-plicasso bem. Por divergência de processos. Talvez seja esta a frase que deva ser empregada; divergência de processos de que eu, como Presidente do Ministério, sofri as consequências. (Apoiados).

Acho ser esta a resposta formal e cabal ao que V. Ex.a preguntou.

O Orador; — Sr. Presidente: laãtimo profundnmente que a forma como tonho procurado colocar esta questlo,, e em que apenas procurei dur a todos os correligionários o prestigio absolutamente necessário perante a Nação, tenha sido razão para ser feito um aparte pelo Sr. S& Cardoso que colocou a questão por fornia que eu n8o posso compreender, visto que, tendo havido divergência de princípiosi e processos, pôde haver, uma entente da forma como estamos vendo. (Apoiados).