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Diário da Câmara dos Deputados

sã; e para que não o fosse bastaria, pondo de parte quaisquer outras considerações e circunstancias, vermos encabeçando esse Ministério um antigo Presidente da República.

Nada de mais democrático, portanto, e nada quo mais dignifique uma democracia do que este simples facto encarado só em ^ si. (Apoiados). Um antigo Cheio de Estado volvendo à arena política onde tanto se acentuara, outrora, a sua alta (3 distinta individualidade, numa mais modesta situação de simples Presidente do Ministério.

É, pois, hoje S. Ex.a um simples Presidente de Ministério corno o foi qualquer dos muitos outros dos seus inúmeros antecessores, tantos que nem vale a pena contá-los neste já imemorial período de dez anos que conta a vida da República; mas, se oficialmente S. Ex.a é tanto como esses outro* foram, mesmo os mais obscuros ou os mais nocivos, podemos estar certos —e essa é, pelo menos, a minha certeza— de que, sendo S. Ex.a realmente quem é —e Alguém ó nesta sociedade portuguesa— não virá a ser realmente um Presidente de Ministério como qualquer dos outros que o precederam.

Será, sim, um Presideute de Ministério como S. Ex.a já foi, isto ó, um Presidente de ' Ministério como só o Sr. Bernar-dino Machado é capaz de sei'.

Quero com isto dizer que em todo o caso e em todas as circuntâncias S. Ex.a será, todavia, o que muito poucos — dois ou três, se tanto— dos seus antecessores foram, um Chefe de Governo,

Nesta simples frase vai expresso todo o meu pensamento o bem- vincado o abismo que de facto há entre um simples portador duiu programa ministerial e a inconfundível personalidade de um autêntico homem de Estado.

Não tem S. Ex.a de me agradecer estas palavras que são de. inteira justiça. Embora seja longa a distância quo nos separa em idade, conhecemo-nos já ambos há longos anos para que não nos tenhamos observado assazmente nas nossas respectivas psicologias, e para que S. Ex.a bem conheça e saiba que de nenhum modo sou, .como nunca fui, um louvaminheiro fútil e dúctil de quem quer que fosse, uma criatura gelatinosa e de alma desveríe-brada, mas sim um homem, que, quando

se dispõe a falar alto, alta c> claramente diz o qne pensa e entende.

Xão tom, pois, repito, S. Ex.; do me agradecer o sincero juízo que acerca da sua personalidade há pouco -:ive a honra de emitir, nem tam pouco os cumprimentos quo, em meu nome individual daqui agora lhe envio pelo facto de o ver à frente do Governo do sou País, facto que, dadas as circunstâncias nacionais e a avançada idado de S. Ex.;i, denota uma coragem rara a quo presto um sincero preito, e uma energia moral que eu passaria a admirar se de há muito não a conhecesse já. (Apoiados).

E certo, pois, íár. Presidente, que, post tot tantosque. labores, temos finalmente um Ministério com cabeça, facto este quo bem pode e deve ser uma ccusa bem diferente de um Ministério simplesmente .. -encabeçado.

E o caso do ser o Sr. Bernardino Machado a cabeça desse Ministério dá-me precisamente essa esperança, isto é, de que, não sendo esse Ministério de forma alguma constituído por gigantes, nem tam pouco por simples glgantòeít desses dos populares moldes das bem conhecidas festas saiamantinas, S. Ex.a se não prestará a fazer junto dos seus colegas a contraposta figura de ... cabecuc/c. Ou S. Kx.a não tosse o Sr. Bernardino Machado.

d, Mas o quo é o Ministéiio presidido pelo Sr. Bernardino Machado ?

Que foi a final a operação a que S. Ex.a se abalançou para aqui se apresentar no Píirlamento à frente dos Ministros que o acompanham no Governo?

S. Ex.a fez tam só isto — a recomposição do uma decomposição.

Havia um Ministério decompondo-se lastimàvelmente aos bocados, deixando hoje aqui um dos seus componentes, largando logo a seguir, acolá, outro da mesma natureza.