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Sessão de 8 de Dezembro de J922

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O Sr. Almeida Eibeiro, por quem tenho o maior respeito, revelando-se um estudioso devotado a todos os assuntos que se tratam no Parlamento, e pela correcção com que os trata, o que o honra e honra esta Câmara, permita-me que lhe afirme não concordar inteiramente com as considerações acerca da ida de oficiais ao estrangeiro.

Quási não acredito no que os meus ouvidos apercebam, pois foram palavras bem diversas daquela argumentação elevada que é hábito de S. Ex.a trazer a esta Câmara.

' Não se trata aqui de ver se os oficiais vão ou não a Paris. Não compreendo que sobre oficiais cujos diplomas, conferidos por escolas de conceito mundial, honram a nação e o exército, afirmando distinta frequência desse curso no ' estrangeiro, V. Ex.a tenha essas informações, V. Ex.a, juiz, que tem o espírito jurídico perfeitamente formado, possa produzir afirmações que são absolutamente erradas, dizendo que esses oficiais iam para Paris gozar todas as delícias que oferece a vitte Lumiere, a quem lá vai com a carteira recheada e disposto à ociosidade. Não é o caso dos oficiais que vão fazer um curso trabalhoso e em que têm deixado as excelentes informações, que já o nosso distinto colega e meu querido amigo pessoal, o,Sr. Vitorino Godinho, leu à Câmara. E um correligionário de V. Ex.a, e com ele...

O Sr. Almeida Ribeiro (cm aparte] — Eu-não disse nada disso. Ainda há pouco V. Ex.a atribuíu-me uma máscara de horror perante as despesas do Ministério da Guerra. Agora atribui-me uma afirmação que eu não produzi.

Eu nãootive, nem tenho, o intuito de deprimir a actividade^ escolar dos oficiais que frequentam a escola superior de guerra em Paris. Apenas quis salientar que a permanência desses oficiais nessa cidade não era facilmente comportável pelo Tesouro, dadas as precárias circunstâncias em que ele se encontra.

O Orador:—Tenho a maior consideração por V. Ex.a, meu ilustre colega Sr. Almeida Eibeiro, sigo com muito interesse as discussões, sempre profundas, demonstrativas duma cultura superior, em

que V. Ex.a intervém. Ora V. Ex.a, na discussão em curso, bordou considerações tam diversas, deu ao debate uma orientação tam diferente, desviando-o duma questão de princípios para o colocar numa situação de boulevard ou mesmo de Moulin Rouge, que não admirará à Câmara, que admira e considera Y. Ex.a, o sentido que dei às afirmações produzidas. Desculpe-me V. Ex.a, mas a fragilidade dos seus argumentos, espírito perspicaz e reflectido, são a melhor defesa do projecto em discussão.

Em conclusão, Sr. Presidente, a despesa proveniente da adopção deste projecto resultará inteiramente útil. Estou mesmo convencido de que a Câmara, aprovando-o integralmente praticaria um acto de excelente política, concorrendo para o aperfeiçoamento das instituições militares e tirando ao Ministro da Guerra o arbítrio na escolha dos oficiais.

Tenho dito.

Vozes:—Muito bem.

O Sr. João Camoesas: — Sr. Presidente: este lado da Câmara já teve ocasião de salientar a sua concordância com alguns dos princípios contidos neste projecto.

Assim, já dissemos que estávamos inteiramente de acordo com o princípio da criação das chamadas bolsas de estudo. Simplesmente acentuamos também que um país que se encontra, na situação a que nós chegámos não deve limitar-se a enviar ao estrangeiro os seus elementos militares, mas ainda, e principalmente, todos aqueles elementos que representem uma actividade, quer no campo das sciên-cias, de comércio ou da indústria.

O Sr. Pires Monteiro afirmou que a política internacional era função quási exclusiva da força armada de cada país. Já tivemos igualmente ocasião para sustentar esta questão doutrinária num campo diametralmente oposto. ,

Embora reconheça que o poder militar desempenha ainda hoje na política internacional um papel de incontestável importância, entendo que a base da política internacional assenta neste momento principalmente sobre uma base económica.