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Sessão de 8 de Dezembro de 1922

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Parlamento, se pronunciem palavras e frases, que possam produzir uma má impressão lá fora; pois a verdade é que aqueles que assim procedem, a meu ver, não podem ser considerados senão como inimigos da Nação.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Pires Monteiro:'—Sr. Presidente: nunca julguei que o projecto em discussão tivesse a honra de tam longo debate.

Já o afirmei, quando o defendi respondendo ao ilustre Deputado Sr. Carlos Pereira, que só me orientou submetendo-o à apreciação da Câmara um espírito de elementar justiça* e só tive em vista os altos interesses do exército.

A ilusíre comissão de guerra aprovou o parecer, que me desvanece por partir dum relator tam ilustre pela sua alta competência nestes assuntos, como é o Sr. Deputado Fernando Freiria.

Eu sou, Sr. Presidente, de opinião, que se torna absolutamente necessário tratar a sério da reorganização do nosso exército e da nossa marinha, estando em completo acordo com os que defendem a existência de um exército bem preparado para a defesa da República.

Sr. Presidente: julgo que não representa perda de tempo para o País e que correspondo à confiança dos meus eleitores no desempenho honesto do meu mandato, defendendo o meu ponto de vista e submetendo à apreciação da Câmara estas considerações despretenciosas e sem brilho, considerações unicamente feitas com o objectivo de se defenderem atitudes e a Nação ser esclarecida sobre a maneira como cada qual, embora emitindo opinião pessoal que não poderá deixar de se reflectir nos respectivos agrupamentos políticos pela elevada categoria dos parlamentares que têm discutido este projecto, encare a obra nacional do ressurgimento do exército e da mais criteriosa aplicação das verbas que estão destinadas às nossas instituições militares.

A propósito deste ligeiro episódio tem--se feito com tanto calor afirmações de princípios, tem este debate despertado tanto interesse entre os mais categorizados parlamentares da maioria, contrariando a aprovação integral do meu pro-

jecto de lei e defendendo o contra-pro-Jecto da comissão de finanças, que se torna essencial esclarecer a nossa situação em face do problema de defesa nacional.' .,

Não defender a existência dos organismos defensivos, até preconizado pelo artigo 8.° do pacto da Liga das Nações, e ter um simulacro de exército e da armada é perigoso e é anti-económico, no bom sentido do termo.

É indispensável definirmos a nossa orientação e se há alguém que julgue realizado o belo sonho duma política de relações externas sem o apoio das instituições militares, que consiga com o brilho da sua inteligência e o fogo da sua palavra a aprovação dum projecto bem simples:

Artigo 1.° São suprimidas as forças militares de terra e do mar e do ar.

Art. 2.° Fica revogada a legislação em contrário.

É bem simples e será bem doloroso caso conseguisse uma maioria suficientemente idealista para aprovar esse projecto.

E indispensável definirmos atitudes para que saibamos o caminho a singrar, para que o Sr. Ministro da Guerra saiba a orientação que tem a seguir na pasta confiada à sua gerência, para que tenha a consciência da sua nobre missão de chefe transitório do exército e possa defender a valorização desse organismo ou para que proponha a supressão dum Ministério para os meios indispensáveis ao prestígio da Eepública.

Sr. Presidente: parece que se está travando uma luta entre militaristas e não militaristas, uma luta entre os homens de direito e os homens da força, quando afinal não é essa a intenção dos ilustres Deputados Almeida Kibeiro, João Camoesas e Carlos Pereira, aos quais presta a homenagem e a justiça de os supor espíritos cultíssimos, vivendo na sua época e analisando os factos ocorrentes nessa convulsionada ^Europa, na América que se agita, na Ásia, na África e na imensidade do Pacífico, onde não é a tranquilidade da paz que está preocupando as chancelarias.