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Sessão de 8 de Dezembro de 1922

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sendo o Parlamento a entidade que tem competência para faier as leis, é extraordinário que ao próprio Parlamento se diga que se vai elaborar uma lei, mas que não será cumprida. Isso não faz sentido.

Disse o Sr. Morais de Carvalho que, desde que este projecto fosse lei, o respectivo Ministro estava autorizado a vir pedir à Câmara que se abrissem os créditos necessários para que essa lei fosse cumprida.

Peço licença para dizer a S. Ex.a que nessa altura o Parlamento estava no seu direito de. responder que só se votariam esses créditos quando as nossas finanças e o câmbio o permitissem.

Apartes.

O Orador : — Sendo como acabo de dizer, dou o meu voto, não ao'projecto da comissão; porque é iníquo, como já provei, mas ao que foi apresentado pelo Sr. Pires Monteiro. E, não querendo tomar mais tempo à Câmara, nada mais digo.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Pereira Bastos: — Sr. Presidente: é com o maior sentimento e com a mais profunda mágua que eu vejo frequentes vezes nesta Câmara vários Srs. Deputados manifestarem, não direi a sua má vontade, mas o seu franco apreço por aquilo que todos devemos ao exército português, pois a propósito seja do que for invocasse a necessidade de fazer economias.

Sr. Presidente: eu tenho razão no que acabo de dizer, porque o projecto apresentado pelo Sr. Pires Monteiro não envolva aumento de despesa, visto que naí> obriga o Sr. Ministro daj&uerra a mandar ninguém para França. O que se torna necessário é regularizar uma situação que já existe, pois há oficiais que completaram o Curso Superior de Guerra em Paris, e outros há que o estão frequentando ainda, sendo absolutamente necessário que estes oficiais fiquem em igualdade de condições, tanto nos deveres como nas garantias.

Não é razoável nem lógico que os oficiais que frequentaram o Curso Superior de Guerra na escola de Paris — que como todos sabem tem uma fama mundial— devam vir submeter-se ao curso

da Escola Militar, de Portugal, cujos professores, aliás oficiais por quem tenho a maior consideração, não assistiram pessoalmente à guerra, e só adquiriram os seus ensinamentos por livros e revistas.

Sr. Presidente: em Portugal dá-se um apreço extraordinário ao ensino dos livros ; e foi nesta ordem de ideas que falou o Sr. Almeida Eibeiro, quando se referiu à Escola Superior de Guerra, de Paris.

S. Ex.a não viu a escola nem o curso superior, mas apenas a linda cidade |da luz e das borboletas.

O Sr. Almeida Ribeiro (em aparte): — Também não vi. A República e a monarquia nunca me mandaram lá.

O Orador: — A monarquia mandou-me a França e a República também; e pelo que lá vi e ouvi, posso falar assim.

Nós temos muitíssimo que aprender no estrangeiro. E a V. Ex.a, Sr. Almeida Ribeiro, peço que tire do seu espírito a idea de que o ensino nas escolas militares de Orança é qualquer cousa que se possa comparar com o ensino nas nossas universidades.

Ao passo quo .nelas existem os cursos livres, nas escolas militares de Paris o trabalho é tam intenso que não permite gozar a tal luz nem as tais borboletas.

(Apoiados).

Sr. Presidente: aproveito a .ocasião para nesta Câmara tributar as minhas maiores homenagens aos Srs. Vitorino Godi-nho, Pereira dos Santos e Ivens Ferraz, ilustres adidos militares em Espanha, Inglaterra e França, pela maneira como honraram o nome português.

Parece impossível que estejamos a dizer que são inúteis umas certas despesas, despesas que se torna necessário fazer.

£ Que importa que o exército leve a quinta parte das receitas do Estado ?

E preciso que o exército gaste aquilo que, d e vê gastar.

Aparte do Sr. Almeida Ribeiro que não se ouviu.