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Sessão de 8 de Dezembro de 1922

homenagem ao actual Sr. Ministro da G-uerra.

O discurso será publicado na integra, quando o orador haja devolvido as notas taquigráficas.

O Sr. Almeida Ribeiro: — O orador começa por declarar,que ó um curioso em cousas militares, sem que por isso julgue que deva abster-se de entrar na discussão dos assuntos militares ventilados nesta Câmara, porque entende que a sua intervenção é necessária, sendo, como é, um direito e um dever.

Estando no Parlamento por vontade dos eleitores, julga-se na obrigação de colaborar na defesa dos interesses da Nação, pugnando também pelos interesses da classe militar e de todas as classes.

Deu-lhe ousadia para entrar neste debate o facto de não estar presente quem o poderia fazer com mérito, mais calor e conhecimentos técnicos e com brilho, isto ó, o ilustre relator da comissão de finanças o Sr. Eêgo Chaves que já mostrou que este projecto, embora inspirado nos mais altos interesses militares, tende a ser posto de parte.

Esta discussão já teve a virtude de esclarecer o projecto inicial.

Pela discussão, j á travada, ficou a Câmara sabendo que se trata apenas, afinal, de oficiais autorizados ou mandados frequentar o curso da Escola de Paris.

Ora *odos nós sabemos que Paris é a cidade da luz, é o arquivo da Europa, ó aquela que atrai tudo e todos.

O Sr. António Maia:—V. Ex.a talvez chegue à conclusão de que os oficiais portugueses, em lugar de terem estado na guerra, estiveram em Paris, na cidade da luz.

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O Orador:—Não é isso. ^

Paris é a cidade da luz; e nós que es- ' tamos num recanto da Europa Ocidental, sentimos ainda assim os seus efeitos, tam viva é a chama, tam grande é a sua atenção.

Todos queremos ir para lá quando mais não seja numa pequenina comissão do Grovêrno ou, pelo menos, com os passaportes pagos.

É tudo quanto há de melhor; e, depois acresce que em Paris qualquer francês

que seja, não digo já ama celebridade, mas medianamente ilustrado, vê bem o alcance de atrair à sua terra o maior número, de estrangeiros.

Por pequeno que seja o número de estrangeiros que ali vá a afluência deles representa sempre uma parcela de riqueza que a França recolhe, portanto vá de dizer a todos os estrangeiros:

Mas nós temos o maior prazer em que venham, temos muito prazer em colaborar convosco, que sois tam inteligentes, tam distintos.

Esqueceu-se porém de dizer que é no seu próprio interesse económico que fazem esses convites.

Manifestamente não podem dizer outra cousa.

Para eles, a afluência estrangeira é tudo.

Não nos importamos que no nosso país não hajam os elementos de que porventura necessitamos para nos desenvolvermos.

éQue importa termos aqui esses elementos?

Não, lá fora é que eles são precisos.

Para lá ó que devemos ir; ó isso que nos atrai.

j Chamar professores estrangeiros para aqui, não!

Porque isso é uma cousa corriqueira....

O que é bom, ó que vão para lá, três ou quatro dos mais favorecidos da 'fortuna, daqueles que tenham lâmpada acesa no Ministério dos Negócios Estrangeiros ou no Ministério da Guerra.

O Sr. Vitorino Godinho:— Evidentemente nós somos mais talentosos que os espanhóis, que os belgas, que os holandeses, que para lá mandam os seus oficiais.

O Orador:—Não podemos custear esse luxo que outras nações podem ostentar.