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Sessão de 8 de Dezembro de 1922

O Sr. Vitorino Godinho: — O orador declara que vai continuar as suas considerações na- defesa do projecto de lei n.° 46-H, do Sr. Pires Monteiro.

Dissera o orador, no último dia, que muitas vezes, ou quási sempre, se iaz uma grande injustiça àqueles que lá fora são obrigados a desempenhar missões oficiais, pois julga-se que aqueles oficiais que no estrangeiro têm estado em missão de estudo passam o tempo não ocupados nos trabalhos de que foram encarregados, mas principalmente em divertimentos e passatempos que a maioria das pessoas aqui julga constituir lá fora o objectivo de todos aqueles que para lá vão.

Já disse, e tem o maior prazer em o repetir, qual foi a informação oficial que dali foi dada por intermédio do adido militar ao Ministério da Guerra português, acrescentando que o próprio che-'fe do estado maior general do exército francês lhe declarou verbalmente quanto estava satisfeito com os resultados obtidos por esses oficiais, procurando assim exprimir toda a sua admiração pelos trabalhos que tinham conseguido1 realizar, dizendo mais que no caso dum conflito entre a França e qualquer outro país o estado maior francê.8 se sentiria muito honrado em poder colaborar com esses oficiais.

Uma informação desta natureza deve ser de molde a fazer com que todos nós prestemos o nosso preito de justiça e de homenagem aos oficiais que lá fora conseguiram honrar a farda portuguesa, desempenhando-se cabalmente da missão de que tinham sido incumbidos.

Kepetidas vezes ele, orador, insistiu com o Governo Português para que enviasse ao estrangeiro oficiais, o que será muito proveitoso para o país.

O orador lê em seguida trechos dos seus relatórios enviados de França ao Governo Português.

As considerações que faz no seu relatório teve ocasião de as dizer e repetir em diversas notas enviadas ao Ministério da Guerra em Fevereiro de 1922.

O Sr. Presidente:

Câmara.

•Peço a atenção da

O .Orador: — Com dificuldade poderá fazer-se ouvir, visto que está constipado

e o frio da sala mais lhe dificulta falar alto. Dificilmente será ouvido pelos Srs. taquígrafos.

Na sua opinião, em Portugal estão a laborar, entre outros, num grande erro. Quere referir-se à maneira como está sendo organizado e preparado o nosso exército.

Desde que entre nós se estabeleceu, pela organização de 1911, o sistema da organização miliciana, não mais se desapegou do espírito público a idea de que o sistema miliciano devia ser inalteràvel-mente seguido, não só porque era muitíssimo menos dispendioso do que qualquer outro, mas ainda porque reduzia conside-. ràvelmente o tempo de permanência dos recrutas nas fileiras. De facto qualquer destas duas razões justificativas tem realmente peso.

Deve mesmo dizer que lhe não repugnaria aceitar uma maior redução desse tempo de permanência, desde que os mancebos a encorporar possuíssem, ao fazê--lo, uma preparação física idêntica à que lá fora possuem os indivíduos na idade militar.

> Nestas condições, isto é, logo que a instrução militar preparatória tenha conseguido inteiramente o seu objectivo, ele, orador, não teria dúvida em reduzir ainda mais o tempo de permanência nas fileiras.

Na última guerra nós verificámos, com certo espanto, a facilidade com que a Inglaterra, a França e a Alemanha improvisavam os seus exércitos. Essa rápida improvização foi possível porquê? Porque a educação física desses povos, extraordinariamente desenvolvida, lhes ' permitiu a rápida aprendizagem dos exercícios militares.

Outro erro em que se labora ó o de supor-se que a organização miliciana aplicada ao recrutamento pode ir até o alto comando.

Se ó relativamente fácil improvisar a massa das tropas e os quadros superiores ou subalternos, é difícil, se não impossível, improvisar o alto comando. O que, para se servir da frase empregada pelo sub-cheíe do estado maior francês, quanto mais miliciana for a organização mais cara ela fica.