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Diário da 'Câmara dos DepulaSos

É antes de tudo português; e é português não porque tenha vaidade da riqueza nacional, não porque entenda, como disse o Sr. Vitorino Godinho, que, para sairmos de qualquer" dificuldade, basta ler uma estância de Camões, porque sabe muito bem que a leitura duma estância de Camões será absolutamente destituída de eficácia num momento de perigo, contra uma falta de recursos; é português porque quere conquistar para o seu país o máximo desenvolvimento, o máximo progresso, simplesmente com os recursos de que dispomos, não indo procurar esses recursos lá íora, não fazendo portanto suportar ao país um encargo com que ele não pode.

O Sr. Vitorino Godinho :—V. Ex.a poderia chamar para aqui oficiais estrangeiros para de qualquer forma aperfeiçoarem os nossos conhecimentos; mas isso seria o mesmo que dizer a Viana da Mota que tocasse uma música de Schubert num piano sem cordas.

O Orador: — Não pode acompanhar S. Ex.a no aspecto especial da falta de cordas do piano de Viana da Mota, ou seja a falta de material militar já apurada.

Como vulgar homem do povo, tem ainda bem viva na lembrança.a imensa quantidade de 'material que depois da guerra estava, parece-lhe, em Brest ou Cher-burgo.

É para lamentar que essa riqueza extraordinária de material, que nos custou muito dinheiro, não tivesse sido aproveitado, deixando-se porventura estragar.

Tem ainda ]na memória as queixas sobre o facto dos oficiais não saberem aproveitar esse material.

O Sr. António Maia:—A culpa é dos Governos, pois tendo-se pedido para mandar buscar esse material, os Governos respondiam que não tinham dinheiro para poder fazê-lo.

As tais economias redundam numa despesa enorme.

Ò Orador: — Não pode com inteiro conhecimento de causa contestar os argumentos produzidos pelo Sr. Vitorino Godinho ; mas não estamos no caso do piano sem cordas.

O Sr. Vitorino Godinho :— C) piano nem sequer tem teclas.

O Sr. António Maia :— Nem mesmo há piano.

O Orador:—<_0 que='que' de='de' em='em' contos='contos' feito='feito' é='é' despendeu='despendeu' p='p' se='se' material='material' desse='desse' então='então' milhares='milhares'>

Diz-se a respeito deste projecto de lei que ele não produz aumento algum de despesa e que o aumento que s>ó eventualmente virá e produzir será pequeno.

Mais: que os oficiais mandados à Escola de Guerra de Paris não teriío despesas de representação.

Vai dizer à Câmara qual ó a situação financeira em que nos encontramos. Essa situação financeira é de tal ordem que perante ela não há despesas pequenas.

Desde que se trata de despesas adiáveis—não dirá supérfluas, não dirá absolutamente dispensáveis — uma despesa adiá-vel é uma despesa que deve adiar-se.

Nós estamos numa situação financeira tal que em 11 de Outubro a circulação fiduciária era de 900:000 contos.

Se temos o câmbio a 2 — e não falta quem preveja que descerá ainda mais — se a situação financeira é, porventura, tal que existe um desequilíbrio de cerca de 400:000 contos entre as receitas e as despesas e estamos todos os dias aumentando ainda mais essas despesas sem cuidar de obter receitas para ocorrer àquele aumento — não julguem os Deputa dos monár-quico§ que ele, orador, está fazendo a apologia da monarquia— ó necessário pôr termo a esta situação, em vez de agravá-la. N

Houve tempo, na Kepública, em que se não apresentavam orçamentos e não se adoptavam as medidas necessárias para evitar o desequilíbrio entre as receitas e as despesas, que estavam crescendo todos os dias.

Se depois da guerra tivéssemos adoptado providências, não estávamos na situação perigosa em que nos encontramos actualmente.