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Diário da Câmara dos Deputados
Entendi meu dever votar a moção do Sr. Agatão Lança.
Afirmei em toda a parte bem alto que uma revolução dentro da guerra era contra a guerra.
Só havia um único caminho a seguir: a guerra. Todos tinham de estar ao seu lado.
Oficiais monárquicos conspiravam contra a guerra.
O Sr. Velhinho Correia: — Muitos bateram-se lá.
O Orador: — Discuti a intervenção de Portugal na guerra, entendia que era dever intervir na guerra.
Era um modo de ver; mas se forem precisas provas, trago-as.
Podia trazer documentos em que se confirma a traição.
Apoiados.
O Sr. Carlos Olavo: — Houve um jornal monárquico que disse desejar a vitória da Alemanha, porque êsse facto traria com certeza a restauração da monarquia.
O Orador: — Não quero estar a fazer a história da guerra.
Vou concluir dizendo que voto a moção, que não podia deixar de votar como patriota e como republicano.
Poderia ela ter sido mais doce.
Poderia ter sido esclarecida em algumas partes. Mas aprovo-a, porque não podia deixar de aprová-la.
É o meu dever.
Quanto à atitude dos Deputados monárquicos, presto homenagem à susceptibilidade do Sr. Aires de Ornelas.
Desde que a questão foi posta, então diga-se a verdade toda.
Apoiados.
E a verdade reside incontestàvelmente nas palavras que acabo de pronunciar.
Apoiados.
As provas flagrantes e indiscutíveis estão nos jornais da época, no depoïmento dos oficiais que estiveram na guerra e, ainda, em vários livros que têm sido publicados.
O Sr. Carlos Olavo: — Em plena guerra houve jornais que suspiravam pela vitória da Alemanha, convencidos de que dêsse facto resultaria a restauração da monarquia.
O Orador: — Sr. Presidente: termino afirmando mais uma vez que, desde que a questão foi posta nos termos em que o foi, não podíamos tomar outra atitude que não fôsse a de votar a proposta apresentada pelo Sr. Agatão Lança.
Os Deputados monárquicos retiram-se em face da votação da Câmara.
Fiquei espantado! Nunca supus que o Sr. Aires de Ornelas fôsse capaz de cometer tam tremendo êrro político.
S. Ex.ª, depois da votação da Câmara, tinha, evidentemente, o direito de protestar contra ela, mas, retirando-se da sala, S. Ex.ª só prejudicou a causa monárquica em benefício da causa republicana.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Agatão Lança: — Muito bem, muito bem.
Lê-se a proposta do Sr. Pedro Pita, do teor seguinte:
Proponho que a Câmara não encerre a sua sessão de hoje, sem que uma comissão, nomeada pela Mesa e de que esta ou um seu representante faça parte, procure os Srs. parlamentares monárquicos, significando-lhes o aprêço em que, como colegas, por êles têm os parlamentares de todos os lados da Câmara e os convide a reassumirem os seus lugares. — Pedro Pita.
O Sr. Ginestal Machado: — Serei breve e procurarei falar com a máxima serenidade.
Começo por dizer a V. Ex.ª que êste lado da Câmara dá todo o seu inteiro aplauso à proposta apresentada pelo ilustre Deputado Sr. Pedro Pita.
Sr. Presidente: não está em discussão a guerra, nem tam pouco tinha de discutir-se a tentativa da restaurar a monarquia em Monsanto.
Para se prestar justa homenagem aos dedicados e valentes republicanos que então se bateram, basta recordar a sua própria acção, lembrar a sua acendrada fé republicana.
Por me parecer, e cada vez mais me parece, que só tínhamos de apreciar o