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Diário da Câmara dos Deputados
Isso se fez, sem que o Govêrno impedisse essa manifestação, que desprestigiou o Parlamento, tirando-nos autoridade para tratarmos da situação miserável do funcionalismo.
É por isso, Sr. Presidente, que mais razão ainda tenho quando afirmo que estamos em cheque!
Das palavras que acabo de proferir, eu procurei pôr, Sr. Presidente, a máxima sinceridade para que elas bem pudessem constituir o justo desagravo da ofensa que ontem me foi feita, como parlamentar.
Desde que os membros do Poder Executivo patenteiam tam claramente o seu deprêzo pelo Poder Legislativo, nós não temos razão de aqui estar.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Homem Cristo: — Sr. Presidente: a minha frase de há pouco parece-me que não, que tanto susceptibilizou V. Ex.ª, quando é certo que V. Ex.ª ouviu quási com indiferença as infâmias que se pronunciaram contra mim, não teve o propósito de pôr em dúvida nem o carácter nem a rectidão de V. Ex.ª Eu quis com da mostrar apenas a possibilidade de V. Ex.ª se ter equivocado. Parece-me que não, isto é, afigura-se-me que fui eu que pedi a palavra primeiro, antes do Sr. Carlos de Vasconcelos, não tendo, aliás, sido ouvido por V. Ex.ª Que há nisto de extraordinário ou de ofensivo para V. Ex.ª? V. Ex.ª interpretou-o noutro sentido. Mas o que V. Ex.ª não pode negar é que ela também podia ter a interpretação que lhe estou dando, que era, na verdade, a que estava no meu pensamento, e que eu teria desde logo explicado, se V. Ex.ª, como era natural e deveria ter feito, me preguntasse o que eu queria dizer. Mas V. Ex.ª não o fez, irritou-se contra mim, e a Câmara, que não me vê com simpatia, apressou-se a fazer côro com V. Ex.ª Ora começarei por declarar duma maneira terminante, para que não haja ilusões, que nem sou tolo para que não saiba o que hei-de dizer, nem tenho medo de palmatoadas, que na minha idade, já não metem medo a ninguém.
Pôsto isto, devo também declarar que, quando ante-ontem apreciei nesta Câmara algumas das muitas arbitrariedades cometidas no exercício das suas funções pelo comandante da 3.ª divisão do exército, não saiu da minha bôca uma única injúria contra êsse homem, como o demonstra a circunstância de eu ter sido ouvido sem interrupção e sem ser chamado à ordem por V. Ex.ª Limitei-me a analisar os seus actos sôbre factos concretos e documentos, estigmatizando-os com a energia que me impunha o meu dever. E destruiu êle, agora, porventura, as minhas acusações e argumentos? Não. Onde não respondeu com injúrias, tentou atrapalhar, chegando a faltar à verdade redondamente.
Assim, disse que era falso haver sido o tenente Alberto Joaquim Correia castigado com cinco dias de prisão disciplinar por não ter tirado o chapéu, na Rua Trinta e Um de Janeiro, em domingo gordo, a um capitão. Mas V. Ex.ª, Sr. Ministro da Guerra, tem em seu poder o processo, e eu não só peço, mas exijo, que V. Ex.ª o traga à Câmara, para se ver se fui eu que fiz uma acusação falsa, se é êsse homem que não hesita em vir aqui faltar por essa forma à verdade, julgando que se defende. Por mim, torno a dizer, repito, e bem alto, que foi por êsse único motivo que o tenente Correia foi castigado, embora na redacção do castigo se invoque também, — como em parte carregada de polícia boçal -, a circunstância secundária, e resultante do próprio facto, de o tenente Correia ter apresentado a sua queixa fora do prazo legal e sem fundamento. É muito boa, sem fundamento!
Quanto à espionagem do filho do comandante da divisão, eu não vim dizer aqui que êle era pròpriamente o que se chama um espião. O que eu fiz foi ler a carta que êle escreveu ao tenente Alberto Joaquim Correia e tirar-lhe lògicamente as conclusões. Que diz a carta? Vou lê-la novamente. A carta diz:
Exmo. Sr. Alberto Joaquim Correia. — Em resposta à carta do V. Ex.ª tenho a dizer-lhe «que tendo sido», como ajudante do Exmo. General, «encarregado de vários serviços confidenciais, que como a palavra indica não são do molde a poder-se dar dêles informações a alguém, soube aquilo mesmo que V. Ex.ª diz constar-lhe de que eu fui informado». E mesmo